10 de setembro de 2025
Defesa e Exército descartam risco de ação militar dos EUA
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A declaração da secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, sobre o uso do poderio militar e econômico dos Estados Unidos em defesa da liberdade de expressão gerou reação imediata em Brasília. Integrantes do Ministério da Defesa e da cúpula do Exército afirmaram “não acreditar” que a promessa será cumprida e reforçaram que “não existe possibilidade” de o país norte-americano usar seu aparato bélico contra o Brasil. As informações são da coluna de Carla Araújo, no portal UOL.

A ameaça da Casa Branca

Na segunda-feira (9), Leavitt afirmou que os Estados Unidos estão dispostos a agir diante de supostos ataques à liberdade de expressão no mundo, mencionando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Posso te dizer que essa é uma prioridade para nossa administração e que o presidente não está com medo de usar o poderio econômico e militar dos EUA para proteger a liberdade de expressão no mundo”, declarou a porta-voz.

A fala foi interpretada como uma ameaça direta ao Brasil, mas especialistas apontaram contradições na postura estadunidense. Apesar do discurso, os Estados Unidos mantêm alianças com países sem liberdade de imprensa, como a Arábia Saudita, e o governo Trump tem sido acusado de censura interna, incluindo monitoramento político em universidades e interferências na gestão cultural.

Reação discreta dos militares

No Exército brasileiro, a ordem foi manter silêncio sobre a declaração. Generais ouvidos ressaltaram que, do ponto de vista institucional, as Forças Armadas do Brasil e dos Estados Unidos preservam uma relação de respeito e cooperação. Por isso, consideram que não há espaço para resposta militar.

Oficiais também ponderaram que a resposta à ameaça deve vir em nível equivalente ao da fala de Leavitt, cabendo à Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) e ao Itamaraty, e não ao comando militar.

Nota em defesa da democracia

Na noite de segunda-feira, a Secom e o Ministério das Relações Exteriores divulgaram nota conjunta em reação ao governo Trump. O texto rejeitou qualquer ameaça de sanções ou uso de força contra o Brasil.

“O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia. O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”, diz o comunicado.

A nota ainda repudiou a instrumentalização de governos estrangeiros para pressionar as instituições brasileiras: “O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/defesa-e-exercito-descartam-risco-de-acao-militar-dos-eua-apos-ameaca-sobre-julgamento-de-bolsonaro/