Gazeta do Leste - O Jornal que virou Portal.

Compartilhe:

O deputado federal Duarte Júnior (PSB), vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, anunciou nesta quarta-feira (10) a intenção de realizar uma audiência pública da comissão no Maranhão. O objetivo é aproximar a população das investigações sobre fraudes previdenciárias e ampliar o acesso à informação.

Em entrevista à TV Mirante, o parlamentar alertou que as investigações podem se expandir para outros programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Seguro Defeso. Ele enfatizou a importância de quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos para obter provas concretas e identificar os responsáveis.

Duarte criticou a ausência de punição para figuras-chave do esquema, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores, Careca teria recebido 27% dos descontos indevidos de aposentados, mas segue em liberdade e com o passaporte em mãos, o que pode facilitar uma fuga.

Segundo o deputado, o esquema de fraudes começou a ganhar força após a Reforma Trabalhista, quando sindicatos e associações, que perderam a contribuição sindical obrigatória, passaram a fazer “descontos associativos” sem autorização dos beneficiários. Ele destacou que essa prática se tornou uma forma de explorar aposentados.

Duarte também chamou a atenção para o aumento expressivo dos repasses à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Durante o governo de Jair Bolsonaro, os valores anuais saltaram de R$ 400 mil para mais de R$ 98 milhões. Para o deputado, a mudança em uma Medida Provisória, que estendeu o prazo de atualização cadastral de beneficiários do INSS, contribuiu para esse crescimento nos repasses.

A CPMI busca ouvir outros envolvidos, como Maurício Camisotti, supostamente um sócio oculto de uma entidade beneficiada. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), já solicitou a prisão dos investigados, mas ressaltou que a decisão final cabe à Justiça.