Vídeo: Zambelli e hacker trocam acusações em audiência da Câmara sobre invasão do sistema do CNJ

A audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, realizada nesta quarta-feira, ganhou contornos de acareação entre a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti. Ambos participaram por videochamada — ela, de uma prisão na Itália, onde aguarda decisão sobre extradição, e ele, da penitenciária em São Paulo, onde cumpre pena pelo mesmo caso.

Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi autorizada pelo presidente da comissão, Paulo Azi (União-BA), a interrogar Delgatti. O clima de confronto ficou evidente logo nas primeiras perguntas. “Você disse que foi ao Ministério da Defesa cinco vezes, mas o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira te desmentiu e afirmou que nunca te recebeu. A gente acredita em um hacker ou em um general quatro estrelas?”, questionou a parlamentar.

O hacker rebateu: “Tanto eu quanto ele somos réus. Fica para quem estiver ouvindo decidir em quem acreditar”. A troca direta de acusações, em transmissão ao vivo da CCJ, transformou o depoimento em um embate pessoal.

Versões contraditórias

Enquanto Zambelli tentou desqualificar o hacker chamando-o de “mitomaníaco”, Delgatti reiterou que só invadiu os sistemas a pedido dela. “Apenas fiz a invasão após o pedido da deputada Carla Zambelli. Não teria o porquê de invadir sem esse pedido”, afirmou. Ele acrescentou que recebeu depósitos da parlamentar como ajuda de custo, após ela prometer um emprego em troca da operação.

Segundo o hacker, Zambelli teria dito que a adulteração de documentos era necessária para “salvar a democracia e o país”. A deputada reagiu sustentando que todo o processo contra si depende da credibilidade de Delgatti. “Ou se acredita no hacker, ou se acredita em Carla Zambelli”, disse.

Processo político em curso

A CCJ avalia o pedido de cassação do mandato da deputada. O relator Diego Garcia (Republicanos-PR) apresentará um parecer após a oitiva de testemunhas, que será votado pela comissão e depois pelo plenário.

Enquanto isso, Zambelli segue presa na Itália aguardando definição sobre eventual extradição para o Brasil, onde teria de cumprir a pena determinada pelo STF.