MP Eleitoral denuncia oito por esquema de compra de votos em Belford Roxo

O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou oito pessoas por associação criminosa e corrupção eleitoral em um esquema de compra de votos na eleição municipal de Belford Roxo em 2024. Entre os denunciados está o candidato a vereador Markinho Lage (PSD), que contou com o apoio do então prefeito Waguinho como cabo eleitoral.

De acordo com a denúncia, o MPE analisou trocas de mensagens entre integrantes da campanha nos dias que antecederam a eleição. A investigação aponta que Rayane Romão Alves participava do grupo responsável por cooptar eleitores, com mensagens diretas solicitando votos: “Vende o voto aí para mim” e “Marquinho é 100 reais”.

Segundo o Ministério Público, os eleitores eram obrigados a filmar a urna eletrônica, prática proibida, como comprovação do voto, enviando posteriormente o registro para receber o pagamento.

Markinho Lage disputou a eleição sub judice, porque teve o registro de canditura questionado por ter ficado inelegivel ao ser condenado pelo crime de receptação. Ele recorreu da decisão da Zona Eleitoral de Belford Roxo mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve a impugnação da candidatura, o que fez ele constar no sitema da Justiça Eleitoral como ‘inapto’.

“Pela experiência, não é um caso isolado. Isso dificulta que a sociedade cobre serviços públicos e o bom desempenho dos políticos, porque eles estão sendo eleitos com base em dinheiro oferecido no momento do voto, que é o maior direito de cidadania”, afirmou o promotor Eduardo Pinho, responsável pela denúncia.

Candidata derrotada também fez cobranças

A ex-secretária da Mulher de Belford Roxo, Priscila Musser, que concorreu pelo Republicanos, também não foi eleita, assim como Lage, obtendo apenas cerca de 1,6 mil votos. O resultado gerou insatisfação entre os envolvidos no esquema.

Uma integrante da campanha relatou mensagens de cobrança enviadas à candidata derrotada: “Deu m*. A Priscila mandou mensagem esculachando a gente aqui falando que os votos que ela comprou não caiu nenhum, de ninguém. E eu preciso que você me mande todos os seus canhotos para a gente está imprimindo aqui para levar lá para ela”.

No dia seguinte à eleição, a acusada de cooptar eleitores tentou se justificar com a candidata: “Tenho todos os comprovantes, foto da urna, a gente te prova. Somos muito corretos”.