
O fim de semana foi de celebração entre deputados e militantes de esquerda no Rio de Janeiro. Dois dias após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão, um grupo de parlamentares aproveitou a festa de aniversário de sete anos do Armazém do Campo, espaço do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Lapa, para comemorar a sentença.
A programação contou com música, gastronomia e manifestações políticas que marcaram o tom da festa, realizada no sábado (13). O local reuniu centenas de pessoas em um ambiente de confraternização e também de reafirmação da luta em defesa da democracia, segundo os organizadores.
Parlamentares destacam impacto da condenação
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que a decisão da Justiça representa uma vitória, mas ressaltou que ainda há batalhas políticas pela frente.
“A próxima etapa imediata é a luta contra a tentativa de anistia que eles vão tentar colocar com toda a força para tramitar na Câmara ainda na próxima semana. Mas a gente tem uma boa notícia: as pesquisas nacionais têm demonstrado que a maioria do povo brasileiro está contra a anistia e a favor da responsabilização dos golpistas”, disse.
Já a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) relacionou o julgamento ao enfrentamento da desigualdade social. “Estamos numa semana de julgamento histórico, que representa uma reparação frente ao Brasil sombrio de 1964, à tentativa de golpe recente e aos 33 milhões de famintos deixados pelo governo Bolsonaro. Que bom estar aqui nessa semana”, afirmou.
A ministra de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, Anielle Franco, acompanhada da mãe, Marinete Francisco, resumiu a ocasião em uma frase: “a democracia ganha. A nossa democracia resiste, resistiu e vai resistir sempre”.
Armazém como espaço de resistência
Dirigente nacional do MST no Rio, Eró Silva reforçou o simbolismo de a comemoração acontecer no Armazém do Campo.
“Nas mãos dele está a morte de mais de 700 mil pessoas durante a pandemia, além de suas estratégias de golpe, de tentar acabar com a nossa democracia. O Armazém sempre foi um espaço em que as pessoas se encontram para festejar as vitórias da democracia e de quem luta pela classe trabalhadora. Então, tem um gostinho especial saber que esse ser inominável vai pagar pelos seus crimes”, declarou.
A deputada estadual Marina do MST (PT) lembrou que a defesa da democracia também passa pela pauta da reforma agrária.
“Hoje, nós comemoramos um capítulo inédito da nossa história, com a condenação de quem planejou um golpe de Estado no país. Defender a soberania nacional é defender o funcionamento do sistema de Justiça, mas é também defender que a terra deve ser de quem nela trabalha, é defender a justa distribuição das riquezas”, disse.
Música, feijoada e agroecologia
Além dos discursos, a festa teve uma extensa programação cultural e gastronômica. Mais de 400 pratos de feijoada, preparados com alimentos de assentamentos do MST em todo o país, foram servidos ao público. Também houve apresentações de dez artistas, reforçando o lema escolhido para a celebração: “Da Terra à Mesa, da Luta ao Prato”.
Desde a inauguração, em 2018, o Armazém do Campo se consolidou como referência da Reforma Agrária Popular no Rio, comercializando alimentos saudáveis, produtos de saúde, artesanato e materiais culturais. Para Eró Silva, o espaço é um elo entre campo e cidade.
“Esse espaço tem a importância de fazer a relação entre o campo e a cidade, de dialogar a partir dos nossos alimentos produzidos nos assentamentos. Ele possibilita escoar a produção, mas também promover o diálogo sobre a Reforma Agrária Popular, sobre alimentação saudável e sobre os cuidados com os bens da natureza que os assentados fazem, incluindo as áreas que são recuperadas”, destacou.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/deputados-comemoram-condenacao-de-bolsonaro-em-festa-do-mst-no-rio/