15 de setembro de 2025
Big techs pedem mais tempo para evitar caos fiscal na
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Coalizão de gigantes digitais e de streaming – como Amazon, iFood, Shein, Uber, Google, Meta e Netflix – pediu mais prazo para se adaptar às novas regras da reforma tributária. O grupo argumenta que não há condições de implementar todas as exigências até 1º de janeiro de 2026, quando o novo sistema fiscal passa a valer.

Hoje, essas empresas usam regimes especiais que permitem emitir uma única nota fiscal para diversas operações. Com a reforma, será preciso gerar um documento individual por transação, incluindo dados como CPF e CEP do cliente. 

Segundo o setor, a mudança pode elevar a emissão para mais de 20 bilhões de notas por ano. Atualmente, o número fica na casa das centenas de milhares.

Big techs e reforma tributária: o que está em jogo com as novas regras

A reforma tributária muda não só a forma de arrecadar impostos, mas também o dia a dia das empresas na emissão de notas fiscais. A exigência de registrar cada transação de forma individual traz impacto direto para plataformas digitais e serviços de streaming, que lidam com milhões de operações diárias. 

Reforma tributária muda a forma de arrecadar impostos e o dia a dia das empresas (Imagem: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Essa é a principal preocupação da coalizão, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Três entidades integram o grupo: Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), Strima e Camara-e.net. Juntas, elas representam grandes empresas de tecnologia.

Principais pedidos do setor

As empresas defendem que seja criado um prazo de adaptação específico para as chamadas obrigações acessórias, como a emissão dos novos documentos fiscais. O objetivo é evitar penalidades enquanto os sistemas são ajustados. 

Além disso, pedem que os documentos atualmente utilizados continuem sendo aceitos durante a transição. A ideia é reduzir o risco de paralisação das operações.

Outro ponto levantado pela coalizão é a necessidade de suspender temporariamente as multas para quem não conseguir cumprir todas as regras já em 2026. Para o setor, a combinação dessas medidas permitiria uma transição mais segura, sem comprometer o cronograma geral da reforma.

Risco de judicialização e limites dos sistemas

O diretor-executivo da Amobitec, André Porto, afirma que o setor apoia a reforma, mas alerta para o risco de uma “chuva de judicialização” caso não haja uma solução até dezembro, segundo a Folha. Porto disse que nenhuma empresa quer correr o risco de multas por descumprir regras que ainda não estão totalmente claras.

Homem lidando com contas usando calculadora e caneta
Um ponto de preocupação de big techs é a capacidade dos sistemas governamentais de absorver o salto no volume de notas fiscais por conta da reforma tributária (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Outro ponto de preocupação é a capacidade dos sistemas governamentais de absorver o salto no volume de notas fiscais. A estimativa das empresas é que o número de documentos salte para mais de 26 bilhões por ano. A dúvida é se a infraestrutura pública terá fôlego para processar tantos dados sem falhas.

Os municípios, por exemplo, precisam estar preparados para o aumento no número de notas de prestadores de serviços, já que a emissão continuará sendo feita na sede da empresa. Quase metade das cidades brasileiras ainda não aderiu ao portal nacional da NFS-e, o que reforça a dúvida sobre a capacidade dos sistemas locais acompanharem a transição no prazo.

Avanços no Congresso

A pressão do setor já trouxe resultados no Legislativo. O relatório do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, segundo projeto de regulamentação da reforma, incluiu a possibilidade de emissão de documentos fiscais consolidados. É uma forma de simplificação para empresas que lidam com grande volume de transações.

Políticos na parte de dentro do Congresso Nacional
Demandas adicionais da coalizão de big techs devem ser analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta semana (Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A expectativa agora é ampliar essas concessões. As demandas adicionais da coalizão devem ser analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que pode votar o texto já na próxima quarta-feira (17). O setor vê nesse espaço uma chance de ajustar pontos que considera inviáveis de serem cumpridos no prazo estabelecido.

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O que vem pela frente

A contagem regressiva para a reforma tributária pressiona empresas e governos. Enquanto o setor cobra mais tempo e segurança jurídica para adaptar seus sistemas, o Congresso discute ajustes que podem aliviar parte das obrigações. 

Ainda assim, a incerteza sobre a capacidade técnica das administrações públicas e o risco de disputas judiciais mostram que a transição para o novo modelo fiscal deve ser um dos maiores desafios até 2026.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/15/pro/big-techs-pedem-mais-tempo-para-evitar-caos-fiscal-na-reforma-tributaria/