
Sistema Cantareira é o principal da região Metropolitana de Sâo Paulo – Foto: Reprodução/Sabesp
Sintaema denuncia privatização da Sabesp como agravante da crise: “Governo opta por privatizar, terceirizar e enfraquecer estruturas fundamentais para a proteção ambiental”
O Sistema Cantareira, maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo, atingiu nesta segunda-feira (15) 31% de sua capacidade, o menor volume desde 2022. De acordo com os dados do Portal dos Mananciais da Sabesp, quando considerado todo o sistema que abastece a Grande São Paulo, o nível está em 33,5%.
A situação é considerada de atenção e pode evoluir para estágio crítico se o volume cair para abaixo de 30%. Caso chegue a 20%, o sistema entra em emergência.
O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), destaca, contudo, que é preciso deixar claro que a crise hídrica não é apenas fruto da falta de chuvas.
“Trata-se, sobretudo, de consequência de décadas de desgoverno em São Paulo, em que saneamento e preservação ambiental nunca foram tratados como prioridades estruturantes. O que se viu, ao contrário, foi uma política voltada a atender interesses privados e a lógica do lucro fácil”, disse a entidade.
Em comunicado, a entidade aponta que a privatização Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) e esvaziamento dos órgãos ambientais na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), representa a face mais perversa desse processo.
“Ao invés de fortalecer os órgãos de fiscalização e preservação dos mananciais, o governo opta por privatizar, terceirizar e enfraquecer estruturas fundamentais para a proteção ambiental. Essa política não apenas compromete o abastecimento da população, mas também agrava a destruição de áreas que deveriam estar sob proteção do Estado”, diz a entidade.
A Sabesp, orientada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), anunciou a redução da pressão de retirada de água do Cantareira durante a madrugada, economizando cerca de 5,3 bilhões de litros em duas semanas.
“Medidas como essa são paliativas e não atacam o problema central: a falta de um planejamento de longo prazo. O foco deveria estar em investimentos estruturais para a recuperação dos mananciais e a garantia da segurança hídrica da região metropolitana. Infelizmente, não é isso que vemos na Sabesp, hoje privatizada”, afirma a direção do Sintaema.
POPULAÇÃO PAGARÁ A CONTA
O Sintaema aponta que a crise hídrica de 2014 e 2015 já havia demonstrado os riscos da falta de planejamento. “No entanto, em vez de reforçar a política de proteção e recuperação das bacias hidrográficas, os governos sucessivos escolheram esvaziar o debate público e apostar no caminho da privatização”, diz a entidade.
O Sintaema ressalta que a água é um bem público e não pode ser tratada como uma mera mercadoria. “É urgente fortalecer a gestão pública do saneamento e recuperar a preservação ambiental como eixo central de uma política hídrica para São Paulo. Água é vida, não mercadoria”, conclui.
Fonte: https://horadopovo.com.br/sistema-cantareira-chega-a-31-e-risco-de-desabastecimento-em-sao-paulo-se-agrava/