O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira (15) que “nunca houve planejamento de golpe” por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração marca uma mudança em relação ao que ele disse dois dias antes, quando afirmou publicamente que “houve um planejamento de golpe” e que “o Supremo decidiu, temos que respeitar”.
A fala de sábado foi interpretada como um aceno do Centrão — grupo político do qual Valdemar é uma das principais lideranças — para deixar Bolsonaro de lado e acelerar a definição de um novo nome para disputar a presidência em 2026. A reação de aliados do ex-presidente foi imediata e intensa.
Evento político com presidenciáveis intensificou o mal-estar
A polêmica declaração foi feita durante um evento do PL que reuniu possíveis presidenciáveis de centro-direita e direita para a próxima eleição, incluindo os governadores Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Também participaram figuras de destaque como Gilberto Kassab (PSD) e Ciro Nogueira (PP).
O contexto acendeu o alerta entre os bolsonaristas, que enxergaram na fala de Valdemar uma tentativa de abrir espaço para um nome “mais viável” eleitoralmente do que o ex-presidente — entre os mais cotados, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Aliados de Bolsonaro reagem com indignação
A base mais fiel de Bolsonaro reagiu com fúria à fala de Valdemar. O comentarista Paulo Figueiredo, próximo de Eduardo Bolsonaro, escreveu: “Como eu digo: não estamos nesta m*** de dar gosto à toa”. O deputado Ricardo Salles (Novo-SP) respondeu: “Não foi por falta de aviso”. Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, também criticou publicamente: “Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”.
Diante da reação negativa, Valdemar recuou. Disse que sua fala havia sido mal interpretada e que não houve discussão de golpe dentro do partido. “O que eu quis dizer é que existia uma minuta, todo mundo sabia da minuta, mas nunca se discutiu golpe”, declarou.
Recado ao núcleo bolsonarista: defesa continua
Tentando conter os danos, Valdemar afirmou que o PL seguirá apoiando Bolsonaro e insistiu que o partido não abandonou a pauta da anistia. “Vamos até o fim na defesa do presidente”, disse.
Para completar o recuo, Valdemar enviou uma mensagem à imprensa em que tentou esclarecer o tom de sua fala: “Foi no campo do imaginário. Nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo, Luiz Fux, confirmou isso”.
Centrão mira 2026 com ou sem Bolsonaro
Apesar da tentativa de correção, aliados de Bolsonaro avaliam que o episódio explicitou uma movimentação do Centrão para afastar o ex-presidente das articulações de 2026. A percepção é de que a base política tradicional quer retomar o controle da direita com um nome mais competitivo e menos envolvido em disputas judiciais.
Valdemar tentou colocar um ponto final na controvérsia: “O que importa deixar claro é que não houve golpe. Bolsonaro sempre afirmou que não aceitaria nada fora da Constituição. Ele recuou de qualquer ideia nesse sentido e conduziu a transição de forma democrática. Esse é o fato”, concluiu.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/valdemar-recua-apos-fala-sobre-golpe-e-tenta-apaziguar-bolsonaristas/
