15 de setembro de 2025
Mercados reagem às vésperas da 'Superquarta'; Dólar recua e Bolsa
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O dólar encerrou a segunda-feira (15) em queda de 0,60%, cotado a R$ 5,321 — o menor patamar desde junho de 2024. Já o Ibovespa registrou alta de 0,84%, fechando aos 143.478 pontos. O movimento nos mercados reflete a expectativa por um corte na taxa básica de juros dos Estados Unidos, que será anunciado nesta quarta-feira (17) pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, e a reunião do Banco Central no Brasil.

Durante o pregão, a moeda americana chegou a tocar os R$ 5,30, enquanto os principais índices acionários dos EUA — S&P 500 e Nasdaq — renovaram máximas históricas intradiárias.

Expectativa de juros atrai capital especulativo

A semana começou com os investidores de olho em uma possível redução de 25 pontos-base nos juros americanos. No Brasil, a expectativa é de manutenção da Selic em 15% ao ano. A diferença entre as taxas favorece a entrada de capital especulativo no país, o que impulsiona a valorização do real.

Segundo Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos, “a crescente expectativa de que o Fed irá cortar juros, em contraste com uma Selic estável, cria um ambiente muito favorável para o câmbio brasileiro”.

Mercado em modo de espera

Analistas do BB Investimentos destacam que o mercado deve seguir em compasso de espera até as decisões dos bancos centrais dos dois países, ambas marcadas para quarta-feira: o Fed divulga sua decisão às 15h (horário de Brasília), enquanto o Banco Central brasileiro se pronunciará após o fechamento do mercado.

Leonel Mattos, analista da StoneX, ressalta que o dólar já vinha perdendo força desde a última sexta-feira (13), acompanhando o cenário externo. “O enfraquecimento da moeda americana reflete a consolidação das apostas em um ciclo de cortes nos juros dos EUA”, disse.

Boletim Focus e atividade econômica pressionam DIs

Além do cenário internacional, dados internos também influenciaram os mercados nesta segunda-feira. O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central trouxe revisão para baixo na projeção da inflação de 2025, que caiu de 4,85% para 4,83%. Também houve leve redução na expectativa para a Selic em 2026.

Outro dado relevante foi o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que registrou queda de 0,5% em julho frente a junho, superando as expectativas de recuo de 0,2%. Foi o terceiro mês seguido de retração do indicador, usado como uma prévia do PIB. O resultado pressionou para baixo as taxas futuras dos Depósitos Interfinanceiros (DIs).

Ações em destaque no pregão

Entre as maiores altas do dia estiveram papéis de empresas como Yduqs, Magazine Luiza, Cogna, Sendas e B3. Do lado oposto, as principais quedas foram registradas por Raia Drogasil, Minerva, Embraer e Banco do Brasil.

Tensão política entra no radar dos investidores

Além da agenda econômica, o mercado também monitora possíveis reações dos Estados Unidos à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF. Nesta segunda, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou que Washington deve anunciar medidas em resposta à decisão judicial brasileira. Embora não tenha citado nomes diretamente, Rubio mencionou o ministro Alexandre de Moraes como figura central nesse processo.

“Essa condenação é mais um capítulo de uma campanha de opressão judicial contra opositores, que já atinge até empresas e cidadãos americanos”, declarou o secretário.

Corte de juros nos EUA deve sustentar valorização do real

Para os analistas da Valor Investimentos, o dólar tende a continuar sua trajetória de queda ao longo do ano. “O mercado já precifica pelo menos três cortes de juros nos EUA até dezembro. Esse cenário é positivo para o real e para a entrada de capital no Brasil”, afirma o economista Ian Lopes.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/mercados-reagem-a-vespera-da-superquarta-dolar-recua-e-bolsa-avanca-a-espera-de-juros-nos-eua-e-bc/