16 de setembro de 2025
Como a IA generativa está mudando a forma de pensar
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Você confia no seu próprio conhecimento ou apela para a IA generativa constantemente para confirmar o que pensa? Um estudo mostra que a inteligência artificial está afetando o pensamento crítico, que nada mais é que sua capacidade de criar argumentos objetivos e racionais para tomar decisões.

O estudo realizado por pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon chegou à conclusão de que quando trabalhadores que dependem de suas habilidades intelectuais passam a utilizar a IA generativa, passam a depender menos do pensamento crítico.

Usuários estão depositando muita confiança nos resultados dos chatbots, esquecendo que, muitas vezes, eles fornecem informações imprecisas. Crédito: tadamichi/Shutterstock

IA generativa impacta a forma como pensamos

No estudo, foram destacadas desvantagens significativas, principalmente em relação à dependência das ferramentas e a dificuldade de desenvolver novas habilidades.

Além disso, os pesquisadores também sugeriram, como mostra matéria na Undark, “que os usuários estão depositando muita confiança em chatbots de IA, que frequentemente fornecem informações imprecisas”.

Um participante do estudo que não teve o nome divulgado chegou a comentar que “uso a IA para economizar tempo e não tenho muito espaço para refletir sobre o resultado”.

Não acredite em tudo o que a IA generativa responde

Briana Vecchione, pesquisadora da Data & Society, uma ONG de Nova York, estuda as interações realizadas pelas pessoas com chatbots e tem uma visão muito parecida com o estudo da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon. Ela observa que “as pessoas aceitam a resposta do chatbot como verdadeira, sem considerar criticamente o texto produzido pelos algoritmos”.

E isso pode levar a consequências sérias, explica a matéria, se os “chatbots forem usados em contextos de medicina ou saúde”.

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Ela, assim como outros especialistas, explica que os modelos de IA utilizados atualmente soam como uma pessoa pensante – ao contrário de outras tecnologias, como os mecanismos de busca ou até mesmo a robótica utilizada para automatizar processos em fábricas -, quando eles não são.

Desafios e imprevistos da IA

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Como os modelos de IA são treinados com quantidades de dados gigantescas, muitas pessoas se tornam propensas a acreditar no que elas dizem. Crédito: thanmano/Shutterstock)

Viktor Kewenig, neurocientista cognitivo da Microsoft Research Cambridge, acredita que os produtos de IA atuais podem se tornar algo diferente no futuro, como “um parceiro de pensamento”. Ele acredita que as pessoas estão transferindo para as ferramentas seu pensamento crítico.

Essas ferramentas são treinadas com quantidades gigantescas de dados e isso pode fazê-las parecer muito poderosas quando comparadas a produtos de IA mais antigos, como Siri ou Alexa. O resultado é que as pessoas se tornam mais propensas a acreditar no que elas dizem.

Antropomorfizar pode, às vezes, ser complicado ou até perigoso. Você pode pensar que o modelo tem um certo processo de pensamento que, na verdade, não tem.

Viktor Kewenig, neurocientista cognitivo da Microsoft Research Cambridge, ao Undark.

Os chatbots frequentemente produzem resultados falhos, conhecidos como alucinações, e isso pode chegar a 33% das respostas no caso do modelo o3 da OpenAI, o que podem ser ainda mais frequentes em seu sucessor.

Como foi feito o estudo

De acordo com o estudo, a IA generativa pode impactar processos cognitivos menos trabalhosos para garantir entregas mais rápidas. Crédito: hapabapa/iStock

Para Vecchione, o estudo é muito importante para entendermos os potenciais impactos do uso de chatbots de IA, demonstrando que a IA generativa pode impactar nos processos cognitivos menos trabalhosos, por exemplo abrindo, “mão de um engajamento mais crítico apenas porque têm um prazo” a seguir, acredita.

Quando as pessoas veem uma tarefa como de baixo risco, elas podem não analisar os resultados da IA de forma tão crítica.

Lev Tankelevitch, pesquisador sênior da Microsoft Research e coautor do estudo, ao Undark.

Para Tankelevitch, “entender o impacto da IA na cognição é essencial para ajuda a projetar ferramentas que promovam o pensamento crítico”.

Na verdade, as pessoas precisam avaliar como interagem com a IA generativa, principalmente em relação à confiança nas respostas, mas isso nem sempre acontece.

Como foi feito o estudo da Microsoft:

  • Amostra: 319 trabalhadores do conhecimento de vários países (EUA, Reino Unido, Canadá e outros).
  • Perfis: áreas como ciência da computação, matemática, design e negócios.
  • Metodologia: introdução a conceitos de pensamento crítico com IA + questionário (múltipla escolha e aberto).
  • Exemplos gerados: 936 usos da IA no trabalho.
  • Principais aplicações: geração de ideias e busca de informações.
  • Foco central: avaliar o uso do pensamento crítico no apoio da IA.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/16/internet-e-redes-sociais/como-a-ia-generativa-esta-mudando-a-forma-de-pensar/