
O preço do ovo no Brasil pode registrar queda nas próximas semanas, caso se mantenha a tendência de retração das exportações. A análise é do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, que acompanha de perto o setor em Piracicaba (SP).
Segundo reportagem do portal UOL, a instituição afirma que o Brasil já acumula dois meses consecutivos de recuo nas vendas externas, reflexo sobretudo da perda dos Estados Unidos como principal destino.
Oscilação recente nas cotações
Em agosto, o preço do ovo passou por grandes variações em diferentes regiões do país. O fim das férias escolares elevou a demanda, ajudando a sustentar o valor do produto. Em locais como Bastos (SP) e Recife (PE), os ovos vermelhos chegaram a cair mais de 10% em julho, mas se recuperaram em seguida.
A caixa com 30 dúzias de ovos brancos em Bastos, referência nacional, estava cotada em R$ 148,40 no último dia 12, contra R$ 154,80 um mês antes. Em termos de cálculo básico, o preço equivale a R$ 4,95 por dúzia, sem contar custos logísticos.
Para o pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea, há risco de ampliação da oferta interna. “É claro que se a gente não tiver um redirecionamento no curto prazo, a gente pode ter essa oferta maior de ovos aqui no nosso mercado, que consegue absorver essa demanda de uma forma bastante expressiva”, afirmou ao UOL.
Exportações em queda
O Brasil exportou 2.130 toneladas de ovos in natura e processados em agosto, número 60% inferior ao de julho. A queda foi atribuída às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que reduziram a competitividade do produto brasileiro no mercado estadunidense. Mesmo assim, o volume ainda representa crescimento de 72% em relação a agosto de 2024.
Com os EUA em retração, o Japão assumiu a liderança nas compras, respondendo por 578 toneladas no mês passado, aumento de 29% em comparação a julho. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Desafios do setor
Além das tarifas dos EUA, outro fator que pressiona o comércio externo é a gripe aviária. A doença afetou mercados importantes, como Europa e China, que reduziram as importações de produtos avícolas, incluindo ovos.
Apesar de toda a instabilidade, as exportações acumuladas de janeiro a agosto chegaram a 32.300 toneladas, crescimento de 192,2% frente ao mesmo período de 2024. O número já supera em 75% o total embarcado em todo o ano passado.
Mesmo assim, especialistas lembram que apenas 1% de toda a produção nacional de ovos é destinada ao exterior. Isso significa que o mercado interno continua sendo o principal destino e que oscilações externas têm impacto limitado, mas podem abrir espaço para baratear o produto ao consumidor brasileiro.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/preco-do-ovo-no-brasil-pode-cair-com-retracao-das-exportacoes-aos-eua/