
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) e divulgadas nesta terça-feira (16), pela coluna de Fábio Serapião no Metrópoles, escancaram um esquema milionário de corrupção que atingiu prefeituras do Maranhão, com cobranças que chegavam a 35% do valor dos contratos. Os diálogos, interceptados em celulares apreendidos durante a Operação Lei do Retorno, mostram como servidores públicos e intermediários combinavam previamente os percentuais de propina, variando conforme o tipo de produto contratado.
Em um dos trechos sobre o município de Buriti Bravo, dois investigados mencionam uma espécie de “tabela” para os desvios: “35 livro; 30 projetos; 25 laboratório”. Em seguida, um deles escreve: “Aqui é 25”. O comparsa responde: “Espero”, em referência à divisão dos valores ilícitos. De acordo com a PF, a estratégia era manipular os percentuais: reduzir em alguns contratos e inflar em outros, garantindo sempre um retorno ilegal expressivo. Materiais didáticos, por exemplo, tinham o maior índice de propina.
Outro diálogo cita o município de Estreito. Em áudio, um intermediário afirma que seria necessário efetuar o pagamento à empresa antes de uma reunião com a secretária municipal, “pra quando chegar na reunião já tá totalmente no nosso lado”. Para os investigadores, esse trecho revela o modus operandi da organização, que tratava os repasses como “presentinhos” — forma como apelidavam as propinas que asseguravam influência sobre gestores locais.

Em Presidente Dutra (MA), outro suspeito registra em mensagem: “Ficou em 35”, sinalizando que mais de um terço do contrato retornaria em forma de propina.
Desvios milionários
A PF estima que o grupo tenha desviado aproximadamente R$ 50 milhões de recursos da Educação, principalmente do Fundeb, em contratos de livros, laboratórios e projetos pedagógicos. O relatório também cita a participação de servidores municipais e até de um casal de políticos maranhenses.
Deflagrada em agosto, a Operação Lei do Retorno cumpriu quase 140 mandados de busca e apreensão em duas fases. Entre os bens apreendidos estão carros de luxo, joias, R$ 54 mil em espécie, um cheque de R$ 300 mil e cerca de R$ 2,5 milhões bloqueados em valores e ativos.
Os investigados respondem por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Crimes que, somados, podem chegar a até 52 anos de prisão.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/09/pf-revela-esquema-de-propinas-milionarias-em-contratos-da-educacao-no-maranhao/