18 de setembro de 2025
Lula garante que vetaria anistia a Bolsonaro e critica PEC
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista exclusiva à BBC News Brasil nesta quarta-feira (17/9) no Palácio da Alvorada, que vetaria qualquer projeto de lei que conceda anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Se viesse pra eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria”, declarou o presidente.

A declaração ocorre em meio à movimentação de parlamentares bolsonaristas que pressionam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar o texto em votação. Há expectativa de que o pedido de tramitação em regime de urgência seja analisado ainda nesta quarta-feira, acelerando a apreciação do projeto.

Apesar da firme posição pessoal, Lula ressaltou que a decisão final cabe ao Congresso. “O presidente da República não se mete numa coisa do Congresso Nacional. Se os partidos políticos entenderem que é preciso dar anistia, isso é um problema do Congresso”, disse.

Condenação de Bolsonaro e prisão domiciliar
Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado entre 2021 e 2023. A defesa do ex-presidente nega envolvimento, e ele cumpre prisão domiciliar desde agosto por descumprir medidas cautelares. Como ainda cabe recurso, não há definição sobre onde cumprirá a pena. Mesmo com o veto de Lula, o Congresso poderia derrubá-lo, e o tema ainda pode retornar ao STF devido à discussão sobre a constitucionalidade de indultos e anistias para crimes dessa natureza.

Críticas à PEC da Blindagem
Lula criticou a aprovação da PEC que dificulta investigações contra parlamentares, apelidada por críticos de “PEC da Blindagem”. “Se eu fosse deputado, votaria contra. Se eu fosse presidente do meu partido, orientaria para votar contra”, afirmou, destacando a necessidade de responsabilidade política e comportamento ético acima de blindagens legais.

Relação com os EUA e Trump
Sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos, Lula afirmou que não tentou contato direto com o governo americano, alegando que não houve abertura para diálogo. “Nunca quis conversar. Uma coisa é falar com a imprensa, outra é negociar com o Brasil”, disse. No entanto, garantiu que cumprimentaria Trump caso se encontrassem na ONU e se disse disposto a negociar pela via civilizada, mantendo a soberania brasileira como prioridade.

Posicionamento internacional e COP30
Lula defendeu uma ONU mais representativa e criticou a atuação de potências que ignoram decisões multilaterais. Sobre a COP30, enfatizou que o Brasil quer mostrar a Amazônia ao mundo e liderar a transição energética. “O Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo, com 90% de energia elétrica limpa e grande participação de etanol, biodiesel e fontes renováveis”, afirmou.

Possibilidade de candidatura em 2026
Questionado sobre disputar as eleições do próximo ano, Lula disse que a decisão dependerá de seu estado de saúde, da avaliação do partido e das condições políticas. “Tenho um ano e meio de mandato e muitas prioridades, como combater a fome e manter o crescimento econômico”, disse.

Reflexões sobre democracia e segurança nacional
Lula também comentou os planos de atentado que sofreram ele e sua equipe, destacando a gravidade do ataque à democracia e criticando a cultura de violência política. Reafirmou que o julgamento de Bolsonaro foi baseado em provas concretas, sem motivação política, e que o respeito às instituições deve prevalecer.

Conclusão
A entrevista reforça o posicionamento firme de Lula em relação à anistia a Bolsonaro, à PEC da Blindagem e às relações internacionais, mostrando a ênfase do presidente em preservar a soberania, a democracia e a legalidade no país.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-garante-que-vetaria-anistia-a-bolsonaro-e-critica-pec-da-blindagem/