
Tubulação da Sabesp atravessou a sala onde a idosa estava sentada vendo TV – Foto: Reprodução/Redes Sociais
Uma idosa de 80 anos morreu na tarde de quarta-feira (17), em Mauá, na Grande São Paulo, após uma tubulação de grande porte da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) desabar sobre sua casa durante a realização de obras de saneamento. Segundo a empresa, privatizada pelo governo Tarcísio em 2024, o cabo que atingiu a vítima se soltou devido ao excesso de peso no momento em que era içado.
“O que foi apurado até o momento é que a tubulação se soltou por um aparente excesso de peso no momento do içamento do tubo”, informou a Sabesp.
De acordo com o diretor regional da Sabesp, Nivaldo Rodrigues da Costa, a empresa realizava uma obra de abastecimento de água com uma adutora (cano) de 40 cm de diâmetro. A estrutura seria instalada no local para abastecer um reservatório na região.
O acidente ocorreu por volta das 16h30, no cruzamento das ruas Eugênio Negri e Melchor Barbosa, onde a Sabesp realizava intervenções no sistema de abastecimento de água. A vítima, identificada como Clélia dos Santos Pimentel, estava dentro da residência quando foi atingida. Ela não resistiu aos ferimentos e faleceu antes da chegada do socorro. O caso foi registrado no 4º Distrito Policial de Mauá e está sob investigação.
Ontem mesmo, administração municipal, já havia antecipado que a o equipamento envolvido na tragédia era de responsabilidade da Sabesp. Em nota, a companhia lamentou o ocorrido e disse que enviou equipes de assistência social e segurança do trabalho ao local e comunicou que está apurando as causas do acidente em conjunto com o consórcio responsável pela obra. “A Sabesp se solidariza com os familiares e amigos da vítima e reafirma seu compromisso com a segurança das operações e o apoio integral à família”, informou a companhia.
DEMISSÕES E DESMONTE
Privatizada pelo governador Tarcísio de Freitas no ano passado, a Sabesp/Equatorial vem reduzindo drasticamente seu quadro de funcionários por meio de Planos de Demissão Voluntária (PDVs), exercendo pressão sobre os trabalhadores para que aderirem aos programas. Para tentar suprir a demanda, a empresa tem recorrido à terceirização da mão de obra, com salários mais baixos, uma prática que compromete a qualidade dos serviços e aumenta o risco de acidentes.
“Enquanto a Sabesp anuncia bilhões em investimentos na mídia – e não é na melhoria das condições e nem com contratações diretas –, trabalhadores seguem sendo explorados, empresas caloteiras entram e saem do sistema sem nenhum controle sério, e as condições de trabalho se degradam rapidamente”, denuncia o Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo).
O engenheiro Amauri Pollachi, que tem larga experiência na empresa, onde trabalhou por 30 anos, respalda a posição do sindicato e aponta os impactos das demissões na ex-estatal, que resultou na saída de mais de 2 mil profissionais experientes. “A perda de conhecimento técnico foi brutal. E a proibição de horas extras inviabiliza qualquer operação emergencial séria”, disse Amauri ao falar sobre crimes ambientais praticado pela Sabesp privada.
No final de junho deste ano, a empresa foi flagrada pela imprensa despejando toneladas de esgoto não tratado no rio Tietê, na zona Norte de São Paulo, durante a realização de obras. “Despejo diário de cerca de 216 milhões de litros de esgoto in natura no Rio Tietê – o equivalente a 86 piscinas olímpicas por dia”, estimou Amauri.
O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) também denuncia o desmonte da Sabesp após a. A entidade critica o uso do PDV sem um plano de reposição e alerta para a sobrecarga dos funcionários remanescentes e a queda na qualidade dos serviços prestados à população.
“A política de redução de quadros, somada à privatização, aponta para um modelo de gestão voltado para o lucro e não para o bem-estar da população”, afirmou o sindicato. “Com a política de privatização e as demissões em massa, as unidades da Sabesp têm cada vez menos equipes técnicas para fiscalizar, prevenir e agir com rapidez diante de riscos e acidentes”, completou a entidade.
Fonte: https://horadopovo.com.br/idosa-morre-apos-tubulacao-da-privatizada-sabesp-cair-sobre-sua-casa-em-maua/