Ministro do Turismo acerta demissão com Lula, mas tenta adiar anúncio, diz CNN

O futuro do ministro do Turismo, Celso Sabino (União), entrou em rota de colisão entre o Palácio do Planalto e a cúpula do União Brasil. Em meio a pressões internas, Sabino comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em conversa por telefone, que deve deixar o governo. A informação é da coluna de Tainá Falcão, na CNN Brasil. O diálogo, que durou cerca de uma hora, terminou com a decisão de que o impasse será tratado nesta sexta-feira (19), em encontro no Palácio do Alvorada.

O embate com o União Brasil

A crise foi deflagrada após o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, dar um prazo de 24 horas para que o ministro deixasse o cargo. Ele acusa o governo de ter exposto o partido ao vazar a informação de que Sabino foi citado em uma investigação da Polícia Federal que apura a infiltração do PCC nos setores de combustíveis e financeiros do país.

Rueda e aliados consideram que a permanência do ministro compromete a imagem da legenda. O dirigente, inclusive, avisou que não aceitará uma saída negociada por meio de licença do cargo — sugestão apresentada por Lula para preservar Sabino sem romper com o partido.

A resistência de Sabino

Apesar da pressão, Sabino tenta ganhar tempo. Ele já admite que sua saída pode ser inevitável, mas defende que o movimento ocorra apenas depois da COP30, prevista para 2025 em Belém (PA), evento que considera uma vitrine internacional para o país e para sua atuação no ministério.

Antes de falar com Lula, o ministro conversou com Antonio Rueda e com ACM Neto, defendendo que sua presença no governo é positiva também para o União Brasil. O esforço, porém, não sensibilizou a cúpula partidária, que segue irredutível em exigir sua saída imediata.

A estratégia de Lula

Segundo interlocutores no Planalto, Lula busca alternativas para evitar a demissão de um ministro que considera parte de sua cota pessoal. O presidente chegou a avaliar que a saída de Sabino agora representaria fragilidade política diante das pressões do União Brasil e defendeu a possibilidade de mudança de partido como saída intermediária.

Ainda nesta sexta-feira, Sabino deve se reunir com a cúpula do União Brasil e, depois, com Lula no Alvorada. O resultado dessas conversas definirá se o ministro conseguirá resistir no cargo ou se cederá à pressão da legenda, em um impasse que expõe mais uma fissura na relação entre governo e base aliada.