Padilha desiste de viajar aos EUA e afirma que restrições impostas são ‘inaceitáveis’

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira (19) que desistiu de viajar aos Estados Unidos para participar da Assembleia Geral da ONU, após o governo norte-americano impor restrições à sua circulação no país. A informação foi divulgada por Andréia Sadi, no g1.

Padilha classificou a medida como “inaceitável” e uma “afronta” ao cargo que ocupa. Segundo ele, as restrições não dizem respeito à sua pessoa, mas ao fato de representar oficialmente o Brasil. “Inaceitável as condições, porque eu sou o ministro da Saúde do Brasil. Quando vou para um evento como esse, tenho que ter plena possibilidade de participar do conjunto das atividades das quais nós somos convidados”, declarou em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.

Restrição à Opas
Entre as limitações impostas, a mais grave, de acordo com o ministro, seria a proibição de se deslocar de Nova York a Washington. Isso o impediria de participar da Assembleia Geral da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), onde o Brasil planejava anunciar um reforço financeiro a um fundo estratégico voltado à compra de vacinas e medicamentos contra o câncer a preços reduzidos para toda a América.

Padilha também perderia a chance de cumprir agendas como presidente da parceria dos Brics na área da saúde, além de reuniões do G20 e do Mercosul, muitas delas realizadas em embaixadas fora da estrutura oficial da ONU. Visitas a hospitais e encontros com empresas americanas interessadas em investir no Brasil também ficariam inviabilizados.

Resposta ao governo americano
O ministro informou que enviou uma “nota dura” à Opas, criticando a postura do governo dos Estados Unidos. No documento, afirmou que o espírito de cooperação internacional “não sucumbirá à sombra de obscurantismo e de negacionismo que paira sobre o país atualmente”.

Apesar do impasse diplomático, Padilha ressaltou que o Brasil não recuará de sua estratégia internacional de fortalecimento da ciência e da saúde. “Nossa ação internacional vai continuar. Eles até podem impedir a presença do ministro, mas a ideia da defesa da ciência, da defesa da vacina, esse presidente dos Estados Unidos não vai conseguir impedir”, disse.