
A CPMI que investiga fraudes contra aposentados e pensionistas terminou a sessão desta segunda-feira (22) marcada por tensão e embates. Rubens Oliveira Costa, ex-diretor financeiro de empresas ligadas ao esquema, foi acusado de mentir diversas vezes durante seu depoimento e acabou tendo a prisão em flagrante pedida pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
O clima se acirrou desde o início, quando Costa se recusou a se comprometer em dizer a verdade, mas acabou convencido pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a assinar o termo e optar pelo silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo. Ao longo da sessão, Viana interveio em diferentes momentos e até suspendeu a audiência para negociar maior colaboração do depoente com os parlamentares.
Pedido de prisão cautelar
Após sucessivas respostas evasivas, o relator Alfredo Gaspar considerou “infrutíferas” as perguntas e propôs a prisão em flagrante de Rubens Costa. A CPMI listou em documento as contradições e declarações falsas atribuídas ao ex-diretor.
Gaspar afirmou que Costa movimentou mais de R$ 350 milhões nas contas de empresas em que atuava como procurador. “Isso mostra, Sr. Presidente, que há muito dinheiro disponível para se manter a impunidade. […] Esse cidadão participou efetivamente de crimes gravíssimos contra aposentados e pensionistas, continua na impunidade, continua praticando crimes, se encontrando com outros investigados, e isso só seria suficiente para esses depoimentos estarem sendo acobertados e combinados. O poder político escondido um dia vai aparecer, mas só vai aparecer se esta CPMI tiver a coragem de enfrentar esses que meteram a mão no dinheiro dos aposentados”, declarou.
Confronto com contradições
Por volta de 20h25, o vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), confrontou Rubens Costa e elencou uma série de momentos em que o depoente teria se contradito. “Eu pedi que adiasse a minha participação na CPMI para que eu pudesse trazer as provas inequívocas do falso testemunho do depoente, senhor Rubens. Toda e qualquer testemunha precisa dizer a verdade, ela não pode se negar a dizer a verdade”, afirmou.
Em seguida, Duarte Jr. detalhou contradições nas falas do ex-diretor, citando horários e trechos do depoimento em que Rubens negava ou confirmava vínculos com empresas investigadas, alterava declarações sobre movimentações financeiras e até mesmo a data em que teria conhecido outros envolvidos no esquema.
Prisão e liberação mediante fiança
A prisão em flagrante foi decretada ainda na noite de segunda-feira. Cerca de duas horas e meia depois, às 2h41, Rubens Costa deixou a Polícia Legislativa do Congresso após pagar fiança arbitrada pelo delegado de plantão. Ele responderá em liberdade perante a Justiça Federal.
Quem é Rubens Oliveira Costa
Aos 57 anos, Rubens Costa se apresenta como consultor de gestão administrativa e financeira, com atuação voltada para micro e pequenas empresas. No entanto, seu histórico empresarial o liga diretamente a figuras centrais do esquema investigado pela CPMI.
Ele foi diretor financeiro de companhias ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, tendo procuração para movimentar contas que administraram milhões em recursos de aposentadorias. Também aparece como dirigente de empresas associadas a Thaisa Hoffmann Jonasson, companheira do ex-procurador do INSS Virgilio Ribeiro de Oliveira Filho, apontado como articulador do esquema.
Além disso, Costa manteve sociedade com Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança do INSS, outro nome envolvido nas investigações.
Com as acusações de falso testemunho e a ligação direta com empresas que teriam desviado recursos de beneficiários do INSS, Rubens Costa se tornou um dos principais alvos da CPMI, que promete intensificar os trabalhos para desarticular a rede de fraudes.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/cpmi-decreta-prisao-em-flagrante-de-ex-diretor-de-empresas-do-careca-do-inss/