23 de setembro de 2025
Vídeo: Lula critica Bolsonaro, Trump e a extrema direita internacional
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta terça-feira (23) os trabalhos da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com um discurso marcado por críticas às sanções impostas pelos Estados Unidos e ataques ao que chamou de ascensão da extrema direita internacional.

Defesa do multilateralismo e recado à extrema direita

Lula concentrou sua fala na defesa da cooperação entre nações e da preservação das instituições democráticas. “Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades, cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa”, afirmou.

Em outro momento, fez referência direta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), usando o episódio como exemplo global. “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas”, declarou.

Sem mencionar nomes, criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, e sua política de tarifas contra o Brasil. Lula tem classificado o tarifaço como uma “chantagem econômica”.

Soberania nacional e críticas às sanções

O chefe do Executivo reforçou sua defesa da soberania brasileira e condenou a ofensiva estadunidense contra ministros do STF, alvo de sanções internacionais. “Agressão contra a independência do poder judiciário é inaceitável”, disse.

A fala ocorre em um momento de tensão diplomática sem precedentes entre Brasil e Estados Unidos, acirrada pelas medidas adotadas por Washington contra autoridades brasileiras.

Paz em Gaza e na Ucrânia

Outro eixo do discurso foi a defesa de soluções pacíficas para os conflitos em andamento. Lula condenou os ataques de Israel na Faixa de Gaza, repetindo a acusação de que se trata de um “genocídio” e de uma “limpeza étnica”. Também comentou a guerra na Ucrânia: “Todos sabemos que não haverá solução militar”, disse, ao reforçar a necessidade de negociações diplomáticas.

Sul Global e reforma da ONU

O presidente brasileiro voltou a destacar o papel do Sul Global no cenário internacional. Defendeu mecanismos de financiamento para países em desenvolvimento e maior participação dessas nações na governança global. Entre os pontos centrais, cobrou mais cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

Tradição brasileira na ONU

O Brasil mantém, desde a primeira Assembleia Geral, o posto de primeiro país a discursar na abertura do debate anual. A sessão foi iniciada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e pela presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, da Alemanha. Na sequência de Lula, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, subirá à tribuna.

O tom do discurso de Lula reforçou a tentativa de projetar o Brasil como voz ativa em defesa do multilateralismo e da soberania, ao mesmo tempo em que elevou a temperatura na já tensa relação com Washington.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-critica-bolsonaro-trump-e-a-extrema-direita-internacional-na-abertura-da-assembleia-da-onu-democracia-e-inegociavel/