23 de setembro de 2025
“Lula é quem precisa do Brandão, não o contrário”, diz
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O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) foi o entrevistado da semana no Programa Palpite, da Rádio O Imparcial. Em um bate-papo marcado pela franqueza, o líder do União Brasil na Câmara Federal falou sobre sua trajetória política, analisou os cenários em Brasília e no Maranhão e comentou temas polêmicos que estão em pauta no Congresso, como a PEC da Blindagem, a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e os rumos das eleições de 2026.

De família tradicionalmente ligada à política, Pedro Lucas seguiu os passos do pai, o ex-deputado Pedro Fernandes, e também do tio, o ex-deputado estadual Manoel Ribeiro. Antes de chegar à Câmara dos Deputados, foi vereador de São Luís por dois mandatos (2012 e 2016), experiência que, segundo ele, moldou sua visão sobre gestão pública e proximidade com a população.

(Foto: Divulgação)

Na entrevista, ele relembrou um episódio que acabou sendo decisivo para sua entrada na política federal: a escolha de seu pai para compor a chapa da então governadora Roseana Sarney. Embora o convite tenha sido retirado devido à conjuntura, abriu caminho para que Pedro Lucas se lançasse como candidato a deputado federal naquele mesmo ano.

“A política é como um ônibus: muita gente entra, muita gente sai, mas o importante é que esteja sempre cheio. Os amigos que meu pai fez ao longo da vida foram fundamentais na minha caminhada. Essa rede de relações me ajudou a chegar onde estou, mas é claro que eu também precisei construir meu próprio espaço.”

Hoje, além da atuação parlamentar, Pedro Lucas é irmão do secretário de Desenvolvimento Social do governo Carlos Brandão: Casé Fernandes, o que reforça o peso político de sua família no cenário maranhense.

Maranhão Livre da Fome e a agenda estadual

O deputado abriu a entrevista elogiando o Maranhão Livre da Fome, programa que garante um complemento financeiro de R$200 a famílias beneficiárias do Bolsa Família que ainda vivem abaixo da linha da extrema pobreza. 

A iniciativa, segundo ele, é um dos mais importantes legados da atual gestão estadual, tendo impactado mais 1 milhão de pessoas até o momento. Nos últimos meses, Pedro Lucas tem acompanhado de perto as entregas do programa em municípios do estado. Nessas agendas, destacou o papel do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, sobrinho do governador.

“Orleans tem se mostrado extremamente preparado e domina todos os detalhes das ações do governo. Fico feliz em ver seu amadurecimento político e não tenho dúvida de que está pronto para assumir qualquer desafio que o futuro lhe reservar.”

Judicialização da política : entrave para desenvolvimento

Um dos pontos mais duros da entrevista foi a crítica ao que chamou de “judicialização excessiva da política maranhense”. Para o deputado, esse processo trava decisões, gera instabilidade e, no fim, prejudica principalmente a população mais carente.

“É terrível o que está acontecendo. O Maranhão poderia estar colhendo muitos frutos do momento favorável que vive, mas essa tentativa de criar instabilidade só afasta investidores e prejudica o estado.”

Pedro Lucas ressaltou o perfil conciliador do governador Carlos Brandão, a quem chamou de “líder respeitado e agregador”. Ele relembrou que, mesmo quando esteve na oposição ao então prefeito de Colinas, nunca deixou de dialogar por melhorias para a cidade. “Hoje faço parte do grupo de Brandão e admiro sua postura. Ele merece ter seu governo respeitado e não pode ser alvo de disputas que apenas enfraquecem a imagem do Maranhão.”

União Brasil e o papel de “ponto de equilíbrio”

Na avaliação do deputado, o União Progressista — federação formada por União Brasil e Progressistas — é hoje a maior força política do Congresso, com 109 deputados e 15 senadores. Esse peso dá ao grupo a condição de arbitrar decisões cruciais para o país. “Temos de um lado o PT e de outro o PL, mas é o centro quem define para onde o Brasil vai caminhar. Zanga não resolve nada na política. É preciso paciência e equilíbrio para construir consensos.”

Como exemplo, citou a aprovação recente da MP que ampliou a tarifa social de energia para 60 milhões de brasileiros, medida que só passou graças ao apoio da federação.

PEC da Blindagem: defesa da independência parlamentar

Entre as votações mais polêmicas das últimas semanas, está a chamada PEC da Blindagem, aprovada em regime de urgência. O texto prevê que deputados e senadores só possam ser julgados mediante autorização das Casas Legislativas.

Pedro Lucas, que votou a favor, explicou sua posição: “Vivemos um momento de desequilíbrio institucional. Parlamentares sofrem pressões e ameaças durante votações, o que compromete a independência do Congresso. A PEC não é para proteger quem comete irregularidades, mas para devolver autonomia ao Legislativo.” Ele também defendeu o voto secreto para esse tipo de decisão, como forma de reduzir a vulnerabilidade dos parlamentares diante da opinião pública e de eventuais retaliações.

Anistia aos envolvidos no 8 de janeiro

Outro tema controverso debatido na entrevista foi a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Pedro Lucas reconheceu a divisão da opinião pública, mas argumentou que a medida pode ser um passo para a pacificação política do país.

Segundo ele, até o presidente Lula teria sinalizado que poderia sancionar um projeto reduzindo as penas, o que reforça a possibilidade de um acordo. “Não se trata de perdoar ou esquecer, mas de encontrar um caminho que permita virar essa página e pacificar o Brasil.”

Cenário eleitoral de 2026

Ao falar sobre as eleições presidenciais, Pedro Lucas avaliou que o presidente Lula tem recuperado protagonismo político diante de pautas nacionais e embates internacionais, e deve usar esse cenário a seu favor para buscar a reeleição.

No entanto, acredita que nomes de centro-direita podem quebrar a polarização. “Vejo em Tarcísio de Freitas um excelente candidato, assim como Ronaldo Caiado, que faz um trabalho extraordinário em Goiás. São lideranças capazes de disputar espaço real contra os extremos.”

Futuro político e alinhamento com Brandão

No campo estadual, Pedro Lucas é apontado como potencial candidato ao Senado ou mesmo vice-governador em 2026, mas deixou claro que seguirá as decisões do grupo governista. Disse estar pronto para qualquer missão que o governador Carlos Brandão lhe destinar. “Seja para disputar o Senado ou compor uma chapa, estarei pronto para o jogo. Mas a palavra final é sempre do governador.”

“Lula precisa de Brandão, não o contrário”

Encerrando a entrevista, o deputado foi enfático ao defender o protagonismo de Brandão dentro do cenário nacional. “Hoje Lula precisa do apoio de Brandão, não o contrário. O governador tem obras em todas as regiões e é respeitado em todo o Maranhão. Essa conversa sobre a chapa de 2026 vai acontecer, e Lula sabe que não pode abrir mão desse apoio.”

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/lula-e-quem-precisa-do-brandao-nao-o-contrario-diz-pedro-lucas-fernandes/