24 de setembro de 2025
Brasil assina acordo climático com a Califórnia em meio a
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Em meio ao endurecimento do governo Donald Trump contra políticas ambientais, o Brasil firmou nesta terça-feira (23) um acordo com o estado da Califórnia para ampliar a cooperação em áreas como mercado de carbono, biocombustíveis e energias renováveis.

O memorando de entendimento foi assinado em Nova York pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pela secretária de Proteção Ambiental da Califórnia, Yana Garcia, durante a Semana do Clima e paralelamente à Assembleia-Geral da ONU.

Conteúdo do acordo

O documento estabelece nove áreas de colaboração e reconhece que “a mudança do clima é uma questão urgente”. Ele ressalta “a importância da transição para energia limpa” e defende mecanismos de incentivo ao uso de biocombustíveis, além de estratégias para garantir que sua produção não resulte em desmatamento ou impacto negativo na segurança alimentar.

Outro ponto central é o compromisso de “incentivar o hidrogênio renovável” e de “promover o desenvolvimento e a integração de energias renováveis”. Também estão previstas ações relacionadas a soluções baseadas na natureza, infraestrutura resiliente e iniciativas urbanas sustentáveis.

No caso do Brasil, o mercado regulado de carbono já foi aprovado por lei, mas aguarda regulamentação. O Ministério da Fazenda busca compatibilizar o sistema brasileiro com outros mercados internacionais, de modo a atrair investimentos estrangeiros.

Califórnia em contraste com Trump

O governador Gavin Nelson, da Califórnia, consolidou-se como principal contraponto ao presidente Trump dentro dos Estados Unidos. Em diferentes ocasiões, chamou o republicano de “ditador falido”, em reação à decisão da Casa Branca de enviar forças militares para conter protestos em Los Angeles.

Enquanto o governo federal retirou os EUA das negociações preparatórias da COP30, realizadas em julho em Bonn, na Alemanha, a Califórnia enviou uma delegação própria e apresentou propostas. Apesar de não ter representação formal junto à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o estado vem participando ativamente das discussões internacionais.

Crise climática na Califórnia

A assinatura do acordo ocorre em meio a uma das maiores tragédias ambientais da história da Califórnia. No início deste ano, incêndios florestais devastaram grande parte do estado, incluindo Los Angeles, e provocaram prejuízos estimados entre US$ 95 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões) e US$ 164 bilhões (R$ 866 bilhões), segundo levantamento da Universidade da Califórnia.

A catástrofe reforçou a pressão interna por políticas de adaptação e mitigação climática, aproximando a gestão estadual de parceiros internacionais como o Brasil.

Trump critica transição energética

No mesmo dia da assinatura do acordo, Trump discursou na Assembleia-Geral da ONU. O presidente dos EUA voltou a desdenhar das políticas ambientais globais, classificando as mudanças climáticas como “um golpe” e a transição energética como “um esquema”.

Desde o início de seu novo mandato, Trump cortou subsídios para projetos de preservação, fortaleceu o setor de combustíveis fósseis e anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, prevista para o próximo ano.

O contraste entre o governo federal dos EUA e a administração da Califórnia foi evidenciado pela parceria com o Brasil, que reforça a estratégia do país de se alinhar a governos e instituições comprometidos com a agenda climática, mesmo diante da hostilidade de Washington.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/brasil-assina-acordo-climatico-com-a-california-em-meio-a-ataques-de-trump-a-transicao-energetica/