
Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, já ostentou orgulho político: cinco cadeiras na Assembleia Legislativa. Hoje, amarga uma realidade com apenas três estaduais e um federal, o deputado Josivaldo JP (PSD). Há cerca de 30 anos, esse quadro pouco se altera, reforçando um rótulo que incomoda, mas persiste: a “cidade do já teve”.
Em 2026, a oportunidade de mudança existe, mas o risco de repetir a sina é grande. A lista de pré-candidatos cresce — e com ela, a pulverização de votos que tende a deixar Imperatriz mais uma vez à margem do poder.
Para a Câmara Federal, sete nomes até aqui já estão no páreo: Josivaldo JP (PSD), Clayton Noleto (PSB), Mariana Carvalho (PL), Raymara Lima (PSD), Rodrigo Brasmar (PSDB), Luciano Galego (PL) e Flamarion Amaral (PV) — embora o irmão do prefeito Rildo Amaral também seja cotado para a disputa a deputado estadual.
O dilema é antigo. Se houvesse unidade em torno de duas candidaturas competitivas, Imperatriz teria condições reais de eleger pelo menos dois deputados federais. Mas a prática mostra o contrário, os votos se fragmentam e lideranças locais, movidas por interesses políticos ou financeiros, preferem apoiar nomes de fora, que nada devolvem à cidade depois de eleitos. No campo estadual, a disputa promete ser igualmente fragmentada.
Do PT, três pré-candidaturas já estão colocadas: Carlos Hermes, atual secretário de Regularização Fundiária que já aparece na disputa, juntamente com os vereadores Aurélio Gomes e Whalassy Barros. Soma-se a eles o vereador Manchinha (MDB), Ricardo Seidel (PSD), a primeira-dama Perla Amaral (sem partido), além de Flamarion Amaral, que pode ser candidato, mas ainda não teve sua posição definida pelo grupo do prefeito Rildo (aguardando situação do principal aliado, o ministro dos esportes André Fufuca, PP).
O ex-prefeito Assis Ramos (sem partido) também entra na corrida por uma vaga na Assembleia, o que traz implicações diretas para a deputada Janaina (Republicanos). Ex-esposa de Assis, ela deve dividir sua base eleitoral com o ex-marido, em uma disputa que pode enfraquecer a ambos.
Buscando a reeleição também temos o deputado estadual Antônio Pereira, que por ora não sabe se sai ou se fica no PSB. A depender dos “ventos” deverá ir pra o MDB. Outra peça importante é o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), hoje secretário-chefe da Casa Civil do governador Carlos Brandão. Ele costura dobradinhas, como a possível parceria com Raymara Lima (PSD), pré-candidata a federal. Madeira carrega muito peso político e também resistências que podem limitar seu alcance. O MDB, por sua vez, aposta em Vagtônio Brandão, ex-prefeito de Buritirana e atual presidente da AGEMSUL, como nome competitivo para estadual.
Dinheiro, a nova fronteira da política
Se a pulverização é um problema, o custo das campanhas é outro obstáculo. As eleições se tornaram cada vez mais caras, beneficiando quem já ocupa cargos ou controla estruturas de poder. Em Imperatriz, como no restante do Brasil, a democracia sofre com esse modelo. Ao invés de ideias e projetos, o que pesa é a capacidade de arrecadar.
Na prática, isso “estraga a democracia e a política”. Líderes emergentes, sem acesso a grandes financiamentos, acabam sufocados antes mesmo de disputar em condições reais. A renovação fica comprometida, e o jogo político se transforma em um campeonato desigual. Imperatriz tem peso populacional e econômico para eleger mais representantes. Mas, historicamente, a falta de unidade e o apetite por alianças de ocasião condenam a cidade a uma representação tímida.
O futuro político da região dependerá menos da quantidade de pré-candidatos e mais da capacidade de articulação das lideranças e da consciência do eleitorado. Se nada mudar, a “cidade do já teve” seguirá no passado — sem conseguir recuperar o protagonismo que um dia ostentou.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/eleicoes-2026-a-dificil-luta-por-representatividade-politica-em-imperatriz/