O Centrão já começou a se organizar em torno do nome do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), como alternativa a Tarcísio de Freitas (Republicanos) na corrida presidencial de 2026. Nesta semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, promoveu um jantar em São Paulo que reuniu empresários, médicos e políticos em apoio ao paranaense.
De acordo com o relato de um dos presentes à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o clima foi de “descolamento” gradual em relação à candidatura de Tarcísio e de incentivo ao protagonismo de Ratinho. A movimentação ocorre no momento em que cresce a percepção de desgaste em torno do governador de São Paulo, que enfrenta ruídos tanto com o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto com a base bolsonarista.
Vantagem de não depender dos Bolsonaro
Líderes do PP e do União Brasil — partidos que hoje apoiam Tarcísio — avaliam que, caso a candidatura do governador paulista não se viabilize, Ratinho Jr. desponta como uma opção sólida para unir a oposição a Lula.
“Se a família do Jair Bolsonaro seguir criando confusão, com candidatura de Eduardo Bolsonaro e atacando o governador, não tenha dúvida de que poderemos nos unir em peso à candidatura do Ratinho”, afirmou à reportagem um dos dirigentes do Centrão.
A avaliação é de que Ratinho teria a vantagem de não carregar uma relação de dependência política com Jair Bolsonaro. Dessa forma, poderia atrair apoio do eleitorado conservador sem precisar se submeter aos desígnios da família, considerada instável por lideranças do bloco.
Pesquisas e dilema bolsonarista
Tanto Tarcísio quanto Ratinho Jr. apresentam desempenho semelhante nas sondagens eleitorais. Levantamento Datafolha mostra que, em um eventual segundo turno contra Lula, o petista venceria por 45% a 41% contra Tarcísio, e por 45% a 40% contra Ratinho.
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro avaliam que, se o ex-presidente apoiar Tarcísio ou qualquer outro nome fora da família, parte significativa do eleitorado migrará de forma definitiva para esse candidato. Essa percepção explica a resistência de Eduardo e Flávio Bolsonaro, que enxergam risco de perda irreversível de capital político.
Eduardo Bolsonaro já declarou a interlocutores que será candidato em 2026, “com ou sem o apoio do pai”, e até mesmo contra Tarcísio. O cenário amplia as dificuldades para o governador paulista, que teria de enfrentar um racha interno no bolsonarismo.
O freio na candidatura de Tarcísio
Embora ainda não tenha descartado formalmente a disputa, Tarcísio de Freitas vem repetindo em público e em conversas privadas que não pretende concorrer à Presidência. Sua decisão final, no entanto, só deverá ser conhecida em março de 2026, prazo de desincompatibilização.
No último mês, o governador se desgastou ao participar de um ato pela anistia de Jair Bolsonaro, no qual chamou o ministro Alexandre de Moraes de “tirano”, o que aumentou a tensão com o STF. Ao mesmo tempo, foi criticado por bolsonaristas por não se engajar com mais força na defesa do ex-presidente.
Diante dessas incertezas, o Centrão intensifica as conversas com Ratinho Jr. e ensaia um movimento mais consistente para projetar sua candidatura, apostando em um nome capaz de aglutinar forças conservadoras e dar competitividade ao bloco de oposição a Lula em 2026.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/centrao-articula-candidatura-de-ratinho-jr-como-alternativa-a-tarcisio-em-2026/
