
O Banco Central decidiu adiar o lançamento do Pix parcelado, recurso que permitiria a divisão de pagamentos dentro do sistema de transferências instantâneas. Prevista inicialmente para este mês, a nova funcionalidade só deve entrar em operação no fim do ano ou início de 2026. A prioridade agora é reforçar a segurança do sistema financeiro diante de ataques e fraudes que movimentaram cifras milionárias.
Segundo técnicos envolvidos no projeto, o desenvolvimento do Pix parcelado já está em fase final, mas a instituição considera necessário avançar com cautela para alinhar as novas regras às soluções privadas de parcelamento no Pix já oferecidas por bancos e instituições financeiras.
O que muda no calendário
No cronograma inicial divulgado em junho, o regulamento do Pix parcelado e seus manuais seriam publicados em setembro, dando início a um período de transição até março de 2026. Com a revisão, o regulamento deve ser apresentado em outubro e o manual de experiência do usuário, apenas em dezembro.
Nova programação prevista:
- Outubro de 2025 – Publicação do regulamento do Pix parcelado
- Dezembro de 2025 – Divulgação do manual de experiência do usuário
- Até março de 2026 – Período de convivência com modelos privados
O atraso estimado é de até três meses. Procurado, o Banco Central não se manifestou.
Desvios milionários e medidas emergenciais
A decisão ocorre após fraudes que desviaram grandes quantias por meio de brechas no sistema. Investigações recentes identificaram conexões entre instituições financeiras e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A gestão de Gabriel Galípolo, presidente do BC, tem priorizado o fechamento dessas brechas regulatórias.
Um pacote de medidas já foi colocado em prática neste mês. Entre as ações estão a antecipação do calendário de autorização obrigatória para instituições de pagamento, novas exigências para provedoras de tecnologia, limite de R$ 15 mil para transferências por Pix e TED em empresas sem licença e a obrigatoriedade de rejeitar transações com indícios de fraude.
Inovação em compasso de espera
Nos últimos anos, o Banco Central ficou marcado por avanços como o próprio Pix, o Open Finance e os testes com o Drex, a moeda digital brasileira. Internamente, essas iniciativas são vistas como bem-sucedidas no objetivo de aumentar a concorrência. Agora, no entanto, a ênfase é garantir solidez e estabilidade.
O advogado Aylton Gonçalves avalia que o órgão busca retomar o controle de atividades reguladas que poderiam escapar ao seu radar. Para ele, a atual administração precisa equilibrar inovação e segurança. Já Luiz Henrique Barbosa, diretor da Swarmy Tecnologia, afirma que o endurecimento das regras pode significar um custo maior no curto prazo, mas tornará o sistema mais resiliente e pronto para inovações mais ambiciosas no futuro.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/banco-central-adia-pix-parcelado-para-priorizar-seguranca-apos-ataques-ao-sistema/