28 de setembro de 2025
O Brasil é nosso! Dar conforto aos brasileiros, negros e
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Mesa de abertura do V Congresso do CNAB canta o Hino à Negritude, do professor Eduardo de Oliveira – Foto: Thaynan Diniz/CNAB

V Congresso da entidade, realizado em São Paulo, afirma que “assumir a nossa nacionalidade significa recuperar nossa economia e nosso Estado. Isto é, tornar, outra vez, nacional a nossa economia e o nosso Estado”

O Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) realizou neste sábado (27), em São Paulo, o seu V Congresso, com a presença de mais de 120 pessoas, metade presencial. O congresso elegeu Irapuan Santos nosso novo presidente da entidade, substituindo Alfredo de Oliveira.

“Negros e mestiços são a maioria do povo deste país e é do interesse do CNAB estar presente em todas as lutas que levem a transformação do Brasil em lugar confortável para o povo”, declarou Irapuan, refletindo as teses do Congresso e seu plano de lutas.

A entidade completa neste ano 30 primaveras de fundação. Foi criada em 1995 comandada pelo poeta, escritor e ativista histórico do movimento negro, professor Eduardo de Oliveira, primeiro vereador negro da cidade de São Paulo. Com Martin Luther King, participou de uma série de conferências nos EUA e, em 1964, recebeu dele carta carinhosa, falando sobre a importância da luta comum pela ‘humanização da Humanidade’. É autor do notável Hino à Negritude, escrito por ele aos 16 anos.

Irapuan explicou que fazer do Brasil um lugar confortável para o povo significa “retomada do desenvolvimento, reindustrialização do país em novas bases, aumento real do salário, geração de empregos de qualidade, plano de desenvolvimento educacional, reforço do SUS, plano habitacional, barateamento de medicamentos e segurança pública”.

Além disso, segundo ele, é fundamental enfrentar a “espoliação que os financistas impõem ao Brasil através de uma política de juros exorbitantes que travam o crescimento do País”. “Apoiamos a reestatização do Banco Central”, resumiu.  

Neste momento em que o Brasil é alvo do racista e intolerante presidente dos EUA, Donald Trump, o dirigente do CNAB condena os ataques, defende a soberania brasileira e diz que, embora se mostre agressivo, os ianques estão decadentes.

Sobre a atuação da entidade, Puan, como é conhecido, destaca alguns pontos do plano de lutas aprovado no congresso, como: combater, denunciar, mobilizar, processar e mandar para a cadeia qualquer ato de racismo e/ou discriminação racial, em todo e qualquer do território nacional. Solidariedade internacional aos povos perseguidos; Todo apoio à Pátria Palestina e condenação aos agressores sionistas.

Além disso, aponta uma luta permanente em defesa dos direitos sociais, defesa dos direitos da mulher e das minorias. Chama a atenção para combater a visão identitarista das lutas sociais, que ao não levarem em consideração o aspecto nacional como principal, fragmentam e dividem o campo popular. Ampliação da política de cotas e apoio às ações afirmativas.

Apoio à PEC 27/24 que visa criar o Fundo Nacional de Reparação Econômica e Promoção da Igualdade Racial, como forma de financiamento políticas públicas e projetos de promoção cultural, social e econômica para pretos e pardos.

O plano também, para 2026, é organizar as comemorações do centenário do Professor Eduardo de Oliveira, eleger comissão organizadora ainda este ano para elaboração da programação.

Os cantos do Hino Nacional e do Hino à Negritude abriram os trabalhos do evento, além da apresentação do grupo de capoeira Dragão do Mar, que levaram sua cantoria e fez todos os presentes acompanharem.  

Apresentação do Grupo de Capoeira Dragão do Mar na abertura do Congresso – Foto: Thaynan Diniz/CNAB

PRESENÇAS E SAUDAÇÕES

O congresso recebeu apoios e saudações na solenidade de abertura. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também presidente nacional do PCdoB, em mensagem gravada, prestou homenagem ao fundador da entidade, professor Eduardo de Oliveira, e declarou que ele “não apenas deu vida ao CNAB, como teceu sonhos e compromissos de gente grande”. “Sua trajetória marcada pela poesia, pela ação política, pelo engajamento público, nos inspira até hoje e segue conosco como legado a ser cuidado e honrado”.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) se solidarizou com o CNAB que “sofreu um grave ataque” durante a preparação do congresso. A Meta, dona do Instagram, desativou a conta do CNAB após publicar um texto homenageando o memorável escultor negro Aleijadinho, do século XVIII. “Inacreditável, um ato claramente de censura e racismo digital, tentando silenciar a voz da negritude organizada”. O deputado fez um pronunciamento na Câmara, na ocasião, denunciando o fato.

Alfredo Oliveira e o novo presidente do CNAB, Irapuan Santos – Foto: Thaynan Diniz/CNAB

“O CNAB é a síntese do legado do professor Eduardo”, assim destacou Keila Pereira, presidente da Federação de Mulheres Paulistas (FMP). A presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), Valentina Macedo, destacou que o embate do CNAB é a “luta pela soberania nacional” que é “a luta de todo o povo brasileiro”.

Ubiraci Dantas, vice-presidente da entidade, assinalou a importância de combater o identitarismo nas fileiras da luta antirracista.

Na abertura, falaram ainda Tonhão, representando a Federação das Associações Comunitárias do Estado São Paulo (Facesp), Edson França, da Unegro, Pedro Campos, representando o PCdoB de São Paulo, Gilson Negão, embaixador do Samba Paulistano, Katia Cristina Rodrigues Silva, da Nova Central, Valério Bemfica, do CPC.

O congresso aprovou a sugestão de Irapuan Santos e decidiu uma homenagem póstuma ao professor Eduardo de Oliveira, falecido em 2012, nomeando-o patrono, presidente de honra do CNAB. Os delegados também aprovaram conceder uma medalha ao jornalista Carlos Lopes, diretor de redação do jornal Hora do Povo, vice-presidente do PCdoB e autor das teses do congresso do CNAB.

A nova diretoria, aclamada por unanimidade, ficou assim:

Além de Irapuan foram eleitos: vices: Ubiraci de Oliveira Dantas, Alexandre Marmett Pahim e Alessandra; secretário-geral, Marcos Kaue Ferreira de Queiroz; 1º secretário, Noedi Monteiro; tesoureiro Alfredo de Oliveira Neto; 1º tesoureiro, Antonio Luiz Antunes da Rosa; secretário de Comunicação, Avesnaldo Santos; secretária de Mulheres, Elza; secretário Jurídico, José Carlos Brito; secretária de Cultura, Edna Maria Costa; secretário de Relações Internacionais, Dr Ademir José da Silva; secretário de Juventude, Thaynan Evilly Diniz Silva; secretária de Relações Institucionais, Katia Cristina Rodrigues Silva.

Fonte: https://horadopovo.com.br/o-brasil-e-nosso-dar-conforto-aos-brasileiros-negros-e-mesticos-decide-cnab/