30 de setembro de 2025
O cometa 3I/ATLAS emitiu sinal alienígena? Entenda
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Um astrônomo famoso por propostas polêicas levantou a seguinte hipótese: o sinal “Uau!”, detectado em 1977, pode ter vindo do cometa interestelar 3I/ATLAS, descoberto em julho deste ano. A coincidência entre a posição do objeto no espaço e a direção de onde o “Uau!” foi detectado décadas atrás dão alguma plausibilidade à ideia. Mas, até o momento, não há evidência que ligue um ao outro.

No final da década de 1970, um radiotelescópio nos Estados Unidos captou um sinal de rádio tão estranho que até hoje é considerado um dos mais intrigantes da astronomia. Registrado como “6EQUJ5” nos dados e apelidado de sinal “Uau!”, ele durou 72 segundos e nunca mais se repetiu. Teria sido uma mensagem alienígena?

Hipótese reacende debate sobre a origem do intrigante sinal ‘Uau!’

Quase 50 anos após sua detecção, o sinal “Uau!” continua um mistério. Desde então, várias explicações foram propostas – de emissões naturais de nuvens interestelares a transmissões artificiais de civilizações distantes.

A sugestão do astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, que coloca o 3I/ATLAS no centro da discussão, reacende o debate e traz de volta a pergunta que intriga cientistas e curiosos: afinal, de onde veio o famoso sinal?

O que foi o sinal “Uau!”

Jerry Ehman, astrônomo que descobriu a sequência de sinais, ficou tão impressionado que circulou a leitura e escreveu o comentário “Wow!” (Imagem: Observatório de Rádio Big Ear e Observatório Astrofísico Norte-Americano – NAAPO)

Em 15 de agosto de 1977, o radiotelescópio Big Ear, da Universidade Estadual de Ohio, captou um forte sinal de rádio vindo da constelação de Sagitário. Ele durou os 72 segundos exatos que o telescópio conseguia observar um mesmo ponto no céu e nunca mais foi registrado novamente.

O astrônomo Jerry Ehman, ao revisar os dados, ficou tão impressionado que circulou a sequência de números e letras “6EQUJ5” na folha impressa e escreveu ao lado “Wow!” – em português, “Uau!”. Daí o apelido, evidentemente.

Desde então, o evento se tornou o principal candidato a uma possível transmissão extraterrestre, embora nenhuma explicação definitiva tenha sido encontrada.

A hipótese de Avi Loeb

Em um artigo publicado seu blog, Loeb propõe que o enigmático sinal possa ter vindo do 3I/ATLAS. Ele calculou que, na época da detecção do “Uau!”, o cometa estava numa posição próxima da região do céu associada ao sinal.

A diferença era de cerca de quatro graus em ascensão reta e oito em declinação – coincidência rara, com probabilidade de menos de 1% (0,6%, pelos cálculos de Loeb) de ocorrer por acaso.

Foto estilo retrato de Avi Loeb, fundador do Projeto Galileo, de Harvard, com mãos em volta de maquete pequena do planeta Terra
Avi Loeb geralmente levanta hipóteses provocativas que dividem a comunidade científica (Imagem: Wikimedia Commons)

Segundo Loeb, se o sinal tivesse origem no 3I/ATLAS, o transmissor teria que emitir algo entre 0,5 e 2 gigawatts de potência, comparável à de um reator nuclear terrestre. O sinal também estava levemente deslocado para o azul, em linha com a velocidade de aproximação do objeto.

Mesmo assim, não há observações diretas que confirmem qualquer transmissão do cometa, o que mantém a hipótese no campo da especulação.

Também vale mencionar: Loeb é uma figura polêmica na astronomia. Conhecido por suas ideias ousadas, ele geralmente levanta hipóteses provocativas que dividem a comunidade científica. Loeb já defendeu, por exemplo, que o objeto ʻOumuamua poderia ser um artefato alienígena.

O que buscas recentes indicam

Em 2022, pesquisadores do Instituto SETI fizeram a primeira busca direcionada à região do céu de onde o sinal teria vindo. O alvo principal era uma estrela semelhante ao Sol localizada a 1,8 mil anos-luz de distância, considerada um bom ponto de partida para a investigação.

Usando o Green Bank Telescope (GBT) e o Allen Telescope Array (ATA), eles dedicaram horas de observação para tentar capturar algo semelhante. As observações dos dois telescópios chegaram a se sobrepor por cerca de dez minutos, o que ampliou a chance de detectar qualquer repetição do fenômeno.

O resultado, porém, foi desanimador: nenhum sinal detectado. A pesquisa, liderada por Karen Perez, da Universidade de Columbia, contou também com o trabalho do pesquisador Wael Farah, que sugeriu ampliar as varreduras para outras áreas ricas em estrelas, como o centro da galáxia.

Até agora, todas as tentativas reforçam a ideia de que o “Uau!” foi um evento único – e ainda sem explicação.

O que se sabe sobre o 3I/ATLAS

Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar já identificado, depois do ʻOumuamua e do cometa Borisov.

Ele chama a atenção pelo núcleo de pelo menos cinco quilômetros de diâmetro e por uma massa estimada em dezenas de bilhões de toneladas.

Brilho do cometa 3I/ATLAS aumentou cerca de 40 vezes desde o começo de setembro (Gerald Rhemann e Michael Jäger – Spaceweather.com)

Apesar de serem valores bem acima dos medidos em outros visitantes vindos de fora do Sistema Solar, eles não fazem do 3I/ATLAS o cometa mais pesado de todos os tempos.

Sua trajetória pelo Sistema Solar tem sido acompanhada de perto por telescópios em todo o mundo por oferecer uma rara chance de observar o comportamento de corpos interestelares.

Apesar da curiosidade em torno do 3I/ATLAS, a maior parte da comunidade científica o enxerga como um cometa natural, ainda que incomum. As estimativas de massa, brilho e aceleração não gravitacional reforçam essa interpretação.

As hipóteses mais especulativas – como a levantada por Loeb sobre possível origem artificial – permanecem sem respaldo em evidências diretas.

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Ou seja…

A hipótese de que o 3I/ATLAS seja a origem do famoso sinal “Uau!” é intrigante, mas continua apenas no campo da especulação.

Os cálculos apresentados por Avi Loeb mostram que a coincidência de posições no céu torna a ideia plausível, mas não há observação direta que comprove a ligação. Até hoje, o sinal permanece como um evento único e sem repetição, o que dificulta qualquer verificação definitiva.

Enquanto isso, o 3I/ATLAS segue sua viagem pelo Sistema Solar e continua a ser estudado de perto por missões e telescópios.

Esses dados serão cruciais para entender melhor as características do objeto – e, quem sabe, ajudar a esclarecer se há ou não alguma relação com o enigma registrado em 1977. Por ora, o sinal “Uau!” segue um mistério. E o 3I/ATLAS, fascinante.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/29/ciencia-e-espaco/entenda-se-o-cometa-3i-atlas-realmente-emitiu-sinal-alienigena/