30 de setembro de 2025
Meta fecha acordo bilionário enquanto mercado teme avalanche de dívidas
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A Meta assinou um acordo bilionário com a CoreWeave, startup especializada em computação em nuvem para inteligência artificial (IA). O contrato, que pode chegar a US$ 14,2 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões), garante acesso aos sistemas mais avançados da Nvidia e reforça a corrida da dona do Facebook e do Instagram por poder computacional para treinar modelos cada vez maiores.

Enquanto a CoreWeave busca diversificar sua base de clientes para reduzir a dependência da Microsoft, o acordo reforça uma tendência do setor: empresas de tecnologia e até governos comprometendo centenas de bilhões de dólares por conta de IA.

Meta amplia aposta em IA com contrato bilionário, mas corrida expõe riscos de dívida

O acordo entre a Meta e a CoreWeave repercutido pela Bloomberg reforça a escalada de gastos na corrida da IA. Empresas privadas e governos têm aberto linhas de crédito bilionárias para erguer data centers e garantir acesso aos chips mais avançados.

A aposta é que a demanda futura compensará os custos de hoje. Mas especialistas alertam: se a receita não acompanhar, esse boom pode se transformar numa bola de neve de dívidas difíceis – ou até impossíveis – de pagar.

O acordo entre Meta e CoreWeave

A CoreWeave, parte do grupo das chamadas “neoclouds”, fechou contrato para fornecer à Meta acesso aos novos sistemas Nvidia GB300, usados no treinamento de modelos de IA de ponta.

Meta investe pesado em chips da Nvidia por meio de acordo com CoreWeave (Imagem: gguy/Shutterstock)

O acordo é um dos maiores compromissos da startup desde seu IPO em março, quando suas ações já triplicaram de valor.

  • Para quem não sabe: IPO é a oferta pública inicial de ações, quando uma empresa passa a negociar seus papéis na bolsa.

A parceria também ajuda a reduzir a dependência da empresa em relação à Microsoft, que respondeu por 71% da receita no último trimestre.

Para a Meta, o acordo se soma a um pacote de investimentos que pode alcançar US$ 72 bilhões em 2025. Isso reforça a estratégia do CEO da empresa, Mark Zuckerberg, de acelerar o desenvolvimento de IA e consolidar a infraestrutura necessária para competir com rivais como Google e OpenAI.

O boom da dívida no setor de IA

O acordo entre Meta e CoreWeave não é um caso isolado: ele se insere numa onda de contratos sustentados por endividamento bilionário.

Ilustração de notas de dólares voando ao redor de quadrado com AI escrito, sigla em inglês para Inteligência Artificial
Acordo entre Meta e CoreWeave se insere numa onda de contratos sustentados por endividamento bilionário na corrida pela IA (Imagem: TSViPhoto/Shutterstock)

OpenAI, por exemplo, assinou um compromisso de US$ 300 bilhões em cinco anos com a Oracle, que deve tomar empréstimos de cerca de US$ 25 bilhões anuais para dar conta da infraestrutura.

A própria Oracle já acumula uma dívida de longo prazo de US$ 82 bilhões, com índice de alavancagem muito superior ao de rivais como Alphabet e Microsoft.

Nesse cenário, empresas menores como CoreWeave e Nebius também recorrem ao mercado de crédito para financiar sua expansão acelerada, enquanto investidores se dividem entre entusiasmo com o crescimento das ações e alertas sobre a sustentabilidade desse modelo.

Governos e o risco da dívida “impagável”

A escalada de gastos em IA também envolve governos, que veem a tecnologia como estratégica, mas acumulam passivos preocupantes.

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Escalada de gastos em IA também envolve governos, que acumulam dívidas preocupantes (Imagem: tadamichi/Shutterstock)

Nos Estados Unidos, a dívida pública já ultrapassa US$ 36 trilhões (cerca de R$ 190 trilhões), o equivalente a 120% do PIB. E ainda assim o país destina bilhões a projetos de IA.

Alemanha e outros países europeus seguiram o mesmo caminho, anunciando fundos bilionários para erguer infraestrutura, ao mesmo tempo em que elevam despesas militares.

Para analistas, como Antonio Cavarero, da Generali Asset Management, trata-se de compromissos fiscais inéditos que podem exigir cortes duros no futuro caso a aposta não se pague.

Já Mark Haefele, do UBS, aponta oportunidades em áreas como energia nuclear, biotecnologia e defesa. Mas adverte: cedo ou tarde será preciso lidar com o peso dessa dívida.

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O que está em jogo

A disputa bilionária pela infraestrutura de inteligência artificial revela tanto o potencial quanto as fragilidades do setor.

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Garantir acesso aos chips mais avançados é essencial para a Meta acompanhar rivais como Google, Microsoft e OpenAI na corrida da IA (Imagem: PJ McDonnell/Shutterstock)

Para empresas como a Meta, garantir acesso aos chips mais avançados é condição essencial para treinar modelos cada vez mais poderosos e não perder espaço para rivais como Google, Microsoft e OpenAI.

No entanto, analistas lembram que a adoção paga de serviços de IA ainda é limitada. Estimativas apontam que apenas 3% dos consumidores utilizam soluções remuneradas.

Isso significa que a sustentabilidade de contratos de dezenas ou centenas de bilhões depende de uma expansão agressiva da base de clientes e de novas fontes de receita.

Se essa projeção não se concretizar, a corrida pela IA pode deixar um rastro de dívidas difíceis de administrar, o que deve testar a capacidade financeira até mesmo das gigantes da tecnologia.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/30/pro/meta-fecha-acordo-bilionario-com-coreweave-para-ampliar-sua-ia/