30 de setembro de 2025
Organização aponta risco de “colonialismo climático” na corrida por energia
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Um estudo da organização da sociedade civil Oxfam Brasil aponta que os modelos atuais de consumo energético mantêm padrões de desigualdade e tendem a reproduzir injustiças no processo de transição para energias renováveis. O relatório Transição Injusta: Resgatando o Futuro Energético do Colonialismo Climático reúne dados globais e apresenta recomendações em busca de uma transição mais justa.

A pesquisa analisou seis décadas de consumo energético e constatou que os países do Norte Global, considerados os mais ricos, utilizaram 3.300 petawatts-hora (PWh) além do necessário para suprir as necessidades energéticas básicas modernas. Esse excedente, segundo o estudo, seria suficiente para garantir energia a todo o planeta por 20 anos, incluindo populações que ainda vivem sem acesso à eletricidade.

No Brasil, por exemplo, o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 99,8% dos domicílios tinham energia elétrica, o que significa que cerca de 400 mil pessoas ainda vivem sem acesso ao serviço.

Para a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, o modelo atual repete padrões históricos de exclusão: “Em vez de aprender com os erros do uso de combustíveis fósseis, a transição energética reproduz desigualdades, mantém a pobreza energética e segue uma lógica colonial”.

O relatório também relaciona a concentração de investimentos em energia renovável ao desequilíbrio geopolítico. Embora o Sul Global concentre 70% das reservas de minerais críticos para a transição, 46% dos investimentos estão no Norte Global e 29% na China. A América Latina recebeu apenas 3% dos aportes em 2024, enquanto Sudeste Asiático, Oriente Médio e África ficaram com 2% cada. A África Subsaariana, que concentra 85% da população mundial sem eletricidade, é uma das regiões mais afetadas.

Outro alerta diz respeito às comunidades tradicionais: terras indígenas reconhecidas como ameaçadas por projetos de exploração energética somam 22,7 milhões de km² — área superior à soma de Brasil, Estados Unidos e Índia.

O estudo defende a adoção do princípio das responsabilidades compartilhadas, mas diferenciadas, responsabilizando países mais ricos e poluentes pela preservação de recursos e pela justiça climática. As recomendações incluem reformas na governança energética e financeira global, proteção às comunidades tradicionais, distribuição mais justa dos benefícios energéticos e fortalecimento da cooperação multilateral.

*Fonte: Agência Brasil

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/organizacao-aponta-risco-de-colonialismo-climatico-na-corrida-por-energia-limpa/