2 de outubro de 2025
Lua congelada de Urano pode ter abrigado um vasto oceano
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Um novo estudou revelou que Ariel, uma das luas congeladas de Urano, pode ter abrigado um gigante oceano de mais de 170 quilômetros de profundidade. Pesquisadores acreditam que essa pesquisa poderá ajudar uma futura missão da NASA para o gigante gasoso. As descobertas serão publicadas na edição de janeiro da revista científica Icarus, mas já estão disponíveis online.

A superfície de Ariel é brilhante e complexa. Com mais de 1150 quilômetros de diâmetro, o astro tem terrenos com crateras antigas ao lado de planícies jovens e suaves, o que os astrônomos acreditam ser resultado de criovulcanismo: um modelo de vulcanismo próprio de corpos gelados.

Para entender essas características, pesquisadores modelaram como a gravidade de Urano esticou e comprimiu Ariel no decorrer do tempo. Com isso, o grupo pôde determinar a estrutura interna do astro e sua excentricidade orbital: o quanto sua órbita desviou de um círculo perfeito.

Ilustração de Urano com seus anéis e Ariel em órbita. (Imagem: NASA/JPL-Caltech/PSI/Mikayla Kelley/Peter Buhler)

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Oceanos moldaram a paisagem de Ariel

O estudo mostrou que Ariel possuía uma excentricidade orbital de 0,04, valor cerca de 40 vezes superior ao atual. Sua órbita era quatro vezes mais excêntrica que a da lua Europa, de Júpiter, o que a fazia sentir intensamente a força gravitacional de seu planeta hospedeiro.

Os pesquisadores descobriram que as rachaduras e cordilheiras na lua de Urano só podem ser explicadas se a crosta se dobrasse sobre uma camada líquida. A equipe desenvolveu duas hipóteses: ou Ariel teve um oceano enorme coberto por gelo, ou um oceano menor, com maior influência gravitacional de seu gigante gasoso.

“De qualquer forma, precisamos de um oceano para poder criar as fraturas que estamos vendo na superfície de Ariel”, disse Alex Patthoff, cientista sênior do Instituto de Ciências Planetárias do Arizona e membro do estudo, em um comunicado.

Urano e suas cinco principais luas — Ariel, Miranda, Titania, Oberon e Umbriel — retratados numa montagem de imagens captadas pela sonda espacial Voyager 2.
(Imagem: NASA/JPL)

A atual pesquisa complementa um estudo de 2024 feito pelo mesmo grupo. Na época, os cientistas encontraram evidências de um oceano abaixo da superfície de Miranda, outra lua congelada de Urano.

As descobertas sugerem que o gigante gasoso pode ter abrigado diversos astros com vastos oceanos. “Estamos encontrando evidências de que o sistema de Urano pode conter mundos oceânicos gêmeos”, disse Tom Nordheim, coautor do estudo e pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.

Estudo dá base para futura missão da NASA

Luas com oceanos gigantes têm alto potencial para abrigar vida. A presença de água líquida abaixo de uma crosta de gelo nesses astros, em conjunto com os raios cósmicos, pode dar suporte para microrganismos.

Embora ainda restem perguntas, como a origem desses oceanos e por quanto tempo duraram, a atual pesquisa dá pistas de como essas luas evoluíram.

Representação artística da sonda Voyager 2 passando por Urano em janeiro de 1986. (Imagem: Wikimedia Commons)

Os cientistas acreditam que o estudo pode ajudar na missão Uranus Orbiter and Probe — uma prioridade da NASA para a década de 2023 à 2032. O projeto prevê o envio de uma sonda para orbitar o gigante gasoso por cinco anos, analisando seus anéis e luas em detalhes.

Conforme a missão captar imagens de Ariel e Miranda, o grupo poderá avaliar seu modelo. O inédito estudo pode ajudar a prever o que a sonda encontrará nas luas congeladas. “No final das contas, só precisamos voltar ao sistema de Urano e ver por nós mesmos”, concluiu Nordheim.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/02/ciencia-e-espaco/lua-congelada-de-urano-pode-ter-abrigado-um-vasto-oceano/