5 de outubro de 2025
Como os nomes dos carros são definidos pelas montadoras
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Quando um carro é lançado, uma das primeiras coisas que são apresentadas ao consumidor é o nome. E a escolha vai muito além de uma palavra bonita ou fácil de pronunciar, pois ela precisa ter significado, gerar impacto e criar uma identidade capaz de acompanhar o veículo por anos. As grandes marcas sabem disso e, assim, investem tempo e dinheiro em estudos que envolvem especialistas de diferentes áreas.

O processo todo não é simples. Por trás de cada nomeação automotiva existe uma estratégia que leva em conta cultura, mercado e até a sonoridade em diferentes idiomas.

Muitas montadoras já cometeram erros ao lançar automóveis cujos nomes tinham significados negativos em alguns países, o que prejudicou sua aceitação e obrigou mudanças. É por isso que equipes de marketing, designers e até consultores linguísticos trabalham juntos para garantir que o nome escolhido seja atrativo no mundo todo.

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Então, você já se perguntou como é o processo de escolha de nomes dos carros? Na matéria abaixo, falamos sobre como os nomes dos carros são definidos, quais são os critérios mais comuns e os exemplos mais curiosos da indústria automotiva. Veja!

O Fusca é um exemplo de carro cujo nome se tornou icônico, lembrado mundialmente. (Imagem: Divulgação/Volkswagen)

Como os nomes dos carros são escolhidos?

Em geral, não existe uma fórmula única para escolher os nomes dos carros. Cada montadora adota uma filosofia própria, que pode variar entre números, siglas, palavras inventadas ou referências culturais.

Porém, todas compartilham a ideia de que o nome deve reforçar a identidade do veículo e ajudar a vender sua proposta ao público. Por isso, a escolha passa por diversas etapas de análise, como impacto sonoro, tradução em diferentes línguas e associação com os valores da marca.

Esse processo costuma levar meses e envolve reuniões com diferentes equipes internas. Em muitos casos, dezenas de sugestões são criadas, testadas e votadas até que apenas algumas finalistas cheguem à aprovação. Pode acontecer de uma ideia ser descartada no último minuto por não se encaixar na filosofia da empresa ou por gerar dúvidas quanto à aceitação em determinados mercados.

Empresas como a Honda seguem uma metodologia bastante organizada. Equipes de marketing, design e comunicação se reúnem para levantar listas de possíveis nomes e, então, as opções são apresentadas, analisadas e depois votadas, em uma espécie de funil criativo.

No final, somente uma proposta permanece, e ela ainda precisa passar por testes jurídicos e de registro de marca. Caso nenhuma sugestão convença, novas rodadas de brainstorm são realizadas.

Esse cuidado evita problemas futuros, como disputas judiciais ou associações indesejadas. Imagine, por exemplo, duas marcas diferentes lançando veículos com o mesmo nome em mercados próximos. Isso poderia confundir clientes e prejudicar campanhas publicitárias, por isso, a etapa burocrática é tão importante quanto a criativa.

SUV Honda HR-V é o novo SUV da montadora japonesa
A Honda é um exemplo clássico de montadora que prefere usar siglas, e um deles é o HR-V, que significa Hi-rider Revolutionary Vehicle. (Imagem: Divulgação/Honda)

Uso de siglas e abreviações

Muitas montadoras preferem usar siglas que descrevem as principais qualidades de seus carros. A Honda é um exemplo clássico disso, já que lançou os modelos HR-V, que significa Hi-rider Revolutionary Vehicle, o CR-V, que é Comfortable Runabout Vehicle, e o WR-V, que é Winsome Runabout Vehicle. Essas combinações de letras criam uma padronização que facilita o reconhecimento da linha de SUVs da marca, e também são fáceis de pronunciar e de ser lembradas pelo público.

O uso de siglas também transmite uma sensação de modernidade e tecnologia, reforçando a imagem de que aqueles modelos são inovadores e pensados para diferentes estilos de vida. É uma estratégia de marketing eficaz porque cria uma identidade única para cada série, ao mesmo tempo em que mantém a coesão dentro da marca.

Estratégias de marketing e impacto cultural

Outras fabricantes preferem nomes mais conceituais, que reforcem a filosofia por trás do carro. A Volkswagen, por exemplo, costuma usar palavras fortes para seus SUVs. O Tera, lançado no Brasil, foi apresentado como um divisor de águas no segmento, apresentando uma ideia de grandeza e robustez. Nomes assim ajudam a criar uma narrativa em torno do carro, facilitando a comunicação com o consumidor.

Esse tipo de escolha também tem como objetivo criar um vínculo emocional com o comprador. Quando alguém escuta o nome de um modelo e imediatamente associa a força, elegância ou inovação, o carro ganha destaque no mercado. É uma forma de transformar o produto em símbolo cultural, indo além de suas características técnicas.

Já algumas marcas preferem seguir a tradição dos números, criando sequências que se tornam históricas. A Porsche é o exemplo mais famoso: o lendário 356 deu início à nomenclatura que continuaria em modelos como o icônico 911. Esse número se tornou tão associado à marca que hoje é quase impossível pensar em Porsche sem lembrar dele.

Esse padrão numérico cria continuidade e reforça a herança da empresa, além de facilitar a identificação de novos modelos dentro de uma mesma família, o que ajuda tanto clientes fiéis quanto novos consumidores. A estratégia mostra que, em alguns casos, a simplicidade de um número pode ser mais poderosa do que qualquer palavra inventada.

Lateral da Lamborghini Diablo vista de cima
A Lamborghini é conhecida por buscar inspiração em arenas de tourada para batizar seus modelos. Nomes como Miura, Diablo e Murciélago remetem à força e à coragem de touros lendários. (Imagem: Divulgação/Eccentrica)

Inspirações inusitadas

A Lamborghini é conhecida por buscar inspiração em arenas de tourada para batizar seus modelos. Nomes como Miura, Diablo e Murciélago remetem à força e à coragem de touros lendários. Essa tradição, além de ser marcante, reforça a imagem agressiva e exclusiva da marca italiana. Cada carro carrega, além da potência mecânica, uma história cultural que agrega valor ao modelo.

Esse tipo de escolha diferencia a Lamborghini de outras fabricantes, criando uma identidade única. Quando um novo carro é anunciado, os fãs já esperam que o nome tenha conexão com esse universo, o que mantém a coerência da marca e gera expectativa.

Um dos maiores desafios é lançar um carro globalmente sem que o nome cause problemas em algum idioma. O caso do Mazda Laputa é um exemplo clássico, porque em países de língua espanhola e portuguesa, o nome soava ofensivo, e isso prejudicou sua imagem. Situações como essa obrigam montadoras a reverem estratégias e, às vezes, renomear veículos em determinados mercados.

Esses erros mostram a importância de testes culturais e linguísticos antes da decisão final. O que funciona no Japão ou nos Estados Unidos pode ter uma conotação totalmente diferente em países da América Latina ou da Europa. Por isso, muitas marcas contam com consultorias especializadas nesse processo.

Alguns nomes se tornam tão simbólicos quanto os veículos que representam, como é o caso do Mustang.(Imagem: Divulgação/Ford)

A força do nome no sucesso comercial

Um bom nome pode ser um grande aliado de vendas, ajudando a transmitir confiabilidade, inovação ou esportividade, dependendo da proposta do carro. Modelos com nomes fortes e de fácil memorização tendem a se destacar mais nas campanhas de marketing, conquistando consumidores rapidamente.

Esse impacto é tão grande que algumas montadoras preferem relançar carros com nomes já consagrados, aproveitando a reputação construída no passado. É o caso de ícones que voltam ao mercado como edições especiais, trazendo todo o peso histórico associado ao nome original.

No fim das contas, cada montadora segue sua própria filosofia, mas todas entendem que o nome é parte essencial da identidade de um veículo. Ele não só diferencia modelos, mas também carrega a tradição e os valores da marca. Essa estratégia garante que os carros sejam lembrados não apenas pela performance ou design, mas também pela força de seus nomes.

Por isso, alguns se tornam tão simbólicos quanto os veículos que representam. Basta pensar em Mustang, Civic, Fusca ou Ferrari Testarossa, carros que são lembrados instantaneamente, mesmo por quem não é apaixonado por automóveis. Isso mostra que, quando bem escolhidos, os nomes ultrapassam o mercado e entram para a cultura popular.

O Civic também é um exemplo de carro que se tornou ícone, e lembrado com frequência por seu nome. (Imagem: Divulgação/Honda)

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/04/carros-e-tecnologia/como-os-nomes-dos-carros-sao-definidos-pelas-montadoras/