
Distante cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade de Coromandel (MG), no Alto Paranaíba, é referência internacional na exploração de pedras preciosas. E foi lá que foram encontrados os três maiores diamantes já registrados no Brasil.
O maior diamante brasileiro, batizado de “Getúlio Vargas”, foi encontrado em Coromandel em 1938, com 727 quilates. No ano seguinte, veio o “Darcy Vargas”, com 460 quilates. E então, em maio deste ano, a cidade voltou a ser destaque mundial, com uma pedra encontrada às margens do Rio Douradinho. O diamante possui 646,78 quilates e foi avaliado em R$ 16 milhões.
O geólogo Daniel Fernandes, que acompanha o garimpo em Coromandel, explica que os diamantes têm duas origens: primária e secundária. “A origem primária ocorre no manto terrestre e envolve quimberlitos, formações minerais que se acumulam em antigos leitos subterrâneos. Já a origem secundária resulta da erosão e da ação da água, que espalham as pedras e dificultam a regularidade da mineração”.
De acordo com o geólogo, centenas de quimberlitos marcam o subsolo de Coromandel. Essas rochas vulcânicas carregam diamantes que o magma da Terra formou até a superfície e, assim, revelam por que a cidade ficou conhecida como “cidade dos diamantes”.
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Para os moradores, as pedras preciosas são parte da identidade cultural. Assim, pequenos diamantes de baixo valor comercial circulam nos bolsos de quem os guarda como lembrança ou símbolo de pertencimento.
“No período que estive na cidade passei em uma conveniência e na porta havia um monte de pessoas ali, com diamantes na mão, mostrando o que haviam encontrado. Ou seja, a cidade tem uma abundância das pedras”, afirma Fernandes.
Em Coromandel, pequenos diamantes circulam nos bolsos de quem os guarda como lembrança ou símbolo de pertencimento.
Já na economia, a cidade acompanha esse cenário. O PIB per capita de Coromandel chega a R$ 54.911, superior ao de Belo Horizonte, que registra R$ 41.818,32. Além disso, de acordo com a administração municipal, o comércio local se movimenta com a mineração, que impulsiona hospedagem, combustíveis, alimentação e outros setores.

ANM acompanha extração dos diamantes de Coromandel
A extração de diamantes em Coromandel segue regulamentações da Agência Nacional de Mineração (ANM). Associações como a Cooperativa dos Pequenos e Médios Garimpeiros (Coopemg) possuem permissões de lavra garimpeira ativas e operam com fiscalização semestral.
O processo inclui registro oficial do achado, análise da gema, emissão do Certificado de Kimberley e também a autorização para comércio nacional ou exportação. A venda legal só ocorre com pedras registradas, o que permite controle ambiental e segurança jurídica.
Segundo Denize Fernandes, presidente da Coopemg, a mineração tem efeito direto no cotidiano da cidade. “A mineração de diamantes pode gerar empregos e movimentar o comércio em regiões com poucas oportunidades. Para muitos garimpeiros, é a principal fonte de renda e sustento.”

Mesmo com a riqueza mineral, Coromandel mantém baixos índices de criminalidade. Em 2024, a Polícia Civil registrou apenas três roubos na cidade. Além disso, não houve homicídios, sequestros ou extorsões no período.
De acordo com o prefeito, Fernando Breno (PRD), a cidade tem “os índices de segurança mais baixos da região na relação entre população e delitos”. Segundo ele, “o acesso às áreas de garimpo é restrito, e alertas contra forasteiros que tentam atuar ilegalmente são constantes. Assim, para moradores e autoridades, a segurança é condição essencial para proteger a atividade e a reputação da cidade”.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/coromandel-maiores-pedras-diamantes-brasil/