8 de outubro de 2025
Dia do Nordestino: estudantes defendem a tradição e as raízes
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Criado para homenagear a força, a história e as tradições do povo nordestino, o Dia do Nordestino é celebrado em 8 de outubro. A data lembra o nascimento, em 1863, de Catulo da Paixão Cearense — cearense de nome, mas nascido e criado no Maranhão, como diz uma das composições do poeta, que teve canções eternizadas nas vozes de grandes nomes da música nacional do século passado.

Hoje em dia, o 8 de outubro celebra a resistência e a diversidade cultural de uma das regiões mais populosas do Brasil.

Como escreveu Euclides da Cunha em Os Sertões, “o nordestino é, antes de tudo, um forte” — e é sob essa perspectiva de resistência que estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) refletem sobre o significado da data.

Para a estudante do 8º período de Jornalismo Yasmin Castelo Branco, de 21 anos, a celebração ainda não tem a visibilidade que deveria no estado. “O Dia do Nordestino não é muito fomentado no Maranhão, o segundo maior estado da região. Para mim, a data não tem tanta relevância”, observa.

 Ainda assim, ela ressalta a importância de manifestações como os blocos tradicionais e o tambor de crioula na manutenção da cultura popular: “Essas características são únicas do nosso estado e demonstram toda uma trajetória e ancestralidade do nordestino maranhense.”

A colega de turma Zaira Trovão, de 22 anos, vê na data um momento de afirmação. “Ter um dia dedicado somente à identidade do nosso povo é algo muito especial, mas também um lembrete de que lutamos muito para sermos valorizados”, afirma.

Para ela, o bumba meu boi é o maior símbolo do Maranhão dentro do Nordeste, capaz de reunir sotaques, públicos e emoções em torno de uma única festa. “O primeiro São João depois da pandemia foi emocionante. Ver todos aqueles brincantes reunidos, celebrando a nossa cultura, o barulho dos pandeirões e das matracas deixou uma marca em mim. É como se aquele momento tivesse sido gravado na minha mente como um símbolo de que conseguimos superar aquele problema. Estamos vivos e brincando mais um São João.”

(Foto: Arquivo Pessoal)

Para o universitário do 3º período de História, Leonardo Leite, de 22 anos, o Dia do Nordestino serve para “reconhecer e prestigiar o povo nordestino, que, apesar de não homogêneo, possui sim uma certa proximidade cultural”. Perguntado sobre a identidade coletiva do estado, Leonardo afirma que encontra no reggae a essência do que é ser maranhense. “Com certeza o reggae ocupa um lugar especial no meu coração maranhense. Não é à toa que o Maranhão é conhecido como a ‘Jamaica brasileira’.”

Ao falar sobre a preservação da cultura nordestina, o estudante lamenta a pouca adesão dos jovens aos eventos culturais tradicionais. “Basta observar como os eventos que trazem artistas do Sul e do Sudeste estão sempre mais lotados, em comparação com os eventos culturais do Maranhão, para perceber como os jovens (tanto em São Luís como nas cidades pequenas) valorizam mais a cultura de outras regiões em detrimento da cultura local”, avalia.

Apesar das diferentes percepções, os três concordam na defesa das tradições como parte essencial da memória coletiva. “Não podemos deixar que a nossa identidade seja apagada. Manter as raízes é fundamental para o sentimento de pertencimento de um povo”, resume Yasmin. “Ser nordestino é ser batalhador, resiliente, carregar afeto e felicidade por onde passa”, acrescenta Zaira. Para Leonardo, o recado é direto: “Não esquecer as tradições é preservar a memória do nosso povo, e isso é nosso dever.”

Ser nordestino é carregar força e resistência — antes de tudo, ser um forte — presentes em cada expressão cultural que o Maranhão mantém viva.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/dia-do-nordestino-estudantes-defendem-a-tradicao-e-as-raizes-maranhenses/