8 de outubro de 2025
Mesmo com aprovação de Lula em queda, percepção da economia
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O Banco Mundial projeta que a economia brasileira crescerá 2,4% em 2025, resultado ligeiramente acima da média esperada para a América Latina e o Caribe, de 2,3%. Os dados constam do novo relatório econômico da instituição, divulgado nesta terça-feira (7), em Washington.

Brasil com crescimento acima da média regional

De acordo com o documento, o Brasil deve manter ritmo moderado de expansão nos próximos anos: 2,4% em 2025, 2,2% em 2026 e 2,3% em 2027. As projeções permanecem inalteradas em relação ao relatório de junho.

Essas estimativas são mais otimistas do que as divulgadas recentemente pelo Banco Central (BC) e pelo mercado financeiro. O Relatório de Política Monetária do BC, de 25 de setembro, prevê crescimento de 2% em 2025 e de 1,5% em 2026. Já o Boletim Focus, publicado nesta segunda-feira (6), aponta expansão de 2,16% e 1,8%, respectivamente, para os mesmos períodos.

No Ministério da Fazenda, o cenário é ainda mais positivo: o Boletim Macrofiscal de setembro estima avanço de 2,3% no próximo ano e de 2,4% em 2026. Em 2024, o PIB brasileiro cresceu 3,4%, resultado impulsionado pelo setor de serviços e pela recuperação do consumo interno.

Panorama regional

Para a América Latina e o Caribe, o Banco Mundial prevê crescimento de 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026. O ritmo é considerado o mais lento entre as regiões globais. Em 2024, a economia latino-americana havia avançado 2,2%.

A Guiana se destaca como o país de maior crescimento projetado, com 11,8% em 2025 e mais de 20% nos anos seguintes — resultado do boom petrolífero na Margem Equatorial, área próxima à Linha do Equador também cobiçada pela Petrobras.

Em seguida, aparece a Argentina, que deve registrar expansão de 4,6% em 2025 e 4% em 2026. “A Argentina continua apresentando uma recuperação econômica notável após dois anos consecutivos de contração, embora desafios profundos ainda persistam”, afirmam os economistas do Banco Mundial.

No extremo oposto está a Bolívia, que enfrenta um cenário de recessão prolongada. O PIB boliviano deve recuar 0,5% este ano, 1,1% em 2026 e 1,5% em 2027.

Fatores externos e internos limitam o crescimento

O Banco Mundial identifica uma combinação de fatores externos e internos que dificultam uma recuperação mais vigorosa na região. Entre os externos, pesam a desaceleração da economia global e a queda nos preços das commodities — produtos de exportação fundamentais para países como Brasil, Chile e Venezuela.

Internamente, a instituição aponta como entraves a política monetária ainda restritiva, o baixo nível de investimento “tanto público quanto privado” e a “persistente falta de espaço fiscal”, ou seja, a dificuldade dos governos em expandir gastos diante de restrições orçamentárias.

“Esses desafios apenas reforçam a relevância da agenda de reformas voltadas ao crescimento que são necessárias nas áreas de infraestrutura, educação, regulação, concorrência e política tributária”, destaca o relatório.

Reformas estruturais e desafios futuros

O documento também enfatiza que o fortalecimento da produtividade e da competitividade passa por mudanças estruturais profundas. “Enfrentar essas questões exige reformas profundas, entre elas: melhorar os sistemas educacionais em todos os níveis, fortalecer a qualidade das universidades e institutos de pesquisa, bem como estreitar seus vínculos com o setor privado; além de aprofundar os mercados de capitais e facilitar a gestão do risco inerente aos processos de inovação e empreendedorismo”, afirma o Banco Mundial.

Apesar das incertezas externas, o cenário para o Brasil é considerado mais estável do que o de grande parte da região, sustentado por fundamentos fiscais relativamente sólidos e um mercado interno robusto. Ainda assim, a instituição alerta que o país enfrenta o desafio de manter o equilíbrio entre ajuste fiscal e investimento público, condição essencial para sustentar o crescimento nos próximos anos.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/banco-mundial-preve-crescimento-de-24-para-o-brasil-em-2025-acima-da-media-da-america-latina/