9 de outubro de 2025
Lula deve reunir com Brandão em Brasília
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O impasse sobre a sucessão ao governo do Maranhão nas eleições de 2026 pode caminhar para um desfecho já na próxima semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com o governador Carlos Brandão (PSB-MA) no Palácio do Planalto, em Brasília. A conversa, segundo o próprio presidente, deve tratar da necessidade de reconstruir a unidade do grupo político que governa o estado desde 2014, diante das tensões recentes entre brandonistas e dinistas.

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Durante entrevista exibida, nesta terça-feira (7), em uma emissora de televisão local, Lula ressaltou a importância de manter a coesão entre as lideranças que integram a base aliada, destacando que a responsabilidade deve falar mais alto que os interesses individuais. “Então é colocar todas as pessoas que têm responsabilidade em torno de uma mesa, sabe, e não é o que é bom pra cada um, é o que é bom para o Maranhão, tem que prevalecer o que é bom para o Maranhão”, afirmou o presidente.

Relações políticas

Lula enfatizou ainda que mantém uma relação próxima tanto com o governador Carlos Brandão quanto com o ex-governador e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. Para ele, a manutenção da aliança que garantiu vitórias sucessivas nas últimas eleições estaduais é fundamental para assegurar a continuidade do projeto político no Maranhão.

“Eu tenho uma relação com o governador Carlos Brandão extraordinariamente boa, muito boa, eu tenho uma relação com o ex-governador Flávio Dino muito boa, eu tenho uma aliança muito boa com os dois senadores aqui desse estado, que é o Weverton e a Eliziane (…). Na hora que a gente começa a brigar dentro de casa, a desavença chega a um ponto que não conserta mais. Eu quero conversar com o governador Brandão, já disse pra ele que eu quero ter uma conversa com ele na semana que vem, porque nós temos que cuidar, se a gente brincar em serviço, a gente termina dando pros adversários a chance de ganhar que eles não têm hoje”, alertou o presidente.

Lula também demonstrou otimismo quanto ao desempenho do grupo nas próximas eleições e reforçou que a união é a chave para o sucesso político no estado. “É muito difícil alguém ganhar as eleições de nós em 2026, o governo vai terminar muito bem. (…) O Brandão tem responsabilidade, o Flávio Dino tem responsabilidade, os deputados têm responsabilidade, os senadores têm responsabilidade, o vice-governador tem responsabilidade. (…) Se a gente tiver clareza disso, pode ter certeza que a gente vai ganhar as eleições no Maranhão e no Brasil”, concluiu.

Lula busca consenso para desfecho dos impasses

O presidente também busca reconstruir a harmonia entre as principais lideranças da base, inclusive com o vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), que já se posicionou claramente sobre o cenário eleitoral de 2026. Na semana passada, o petista descartou qualquer possibilidade de disputar uma vaga no Senado, reafirmando seu projeto político de disputar o Palácio dos Leões. 

“Ao tempo em que agradeço a lembrança de meu nome a tão importante cargo majoritário pela população maranhense, reafirmo que meu nome está à disposição do PT para ser candidato a governador do estado do Maranhão”, declarou Camarão nas redes sociais.

Em declaração  a O Imparcial, o vice-governador disse “Sigo a orientação do presidente do PT, Edinho Silva, e da ministra Gleisi [Hoffmann], de continuar a pré-campanha ao Governo do Estado pelo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras” 

O futuro de Fufuca 

Outra questão tratada pelo presidente Lula, está relacionada ao ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), que deve continuar à frente da pasta, apesar das pressões internas e das ameaças de expulsão feitas pela cúpula do Progressistas. 

Nos bastidores políticos, o consenso é de que o desfecho do impasse será mais brando do que o esperado: em vez da expulsão do partido, Fufuca deve ser afastado da presidência do diretório estadual do PP no Maranhão — um gesto que preserva sua permanência no governo Lula e, ao mesmo tempo, tenta evitar uma ruptura definitiva com a legenda.

A situação do ministro expôs o racha entre a direção nacional do partido e os filiados que ocupam cargos no governo federal. O PP, assim como o União Brasil, havia determinado um prazo de um mês para que seus integrantes deixassem os ministérios ocupados, em um movimento de distanciamento formal do governo. 

O prazo expirou no fim de semana, mas Fufuca decidiu permanecer no cargo, apostando na boa relação que mantém com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, declarou que não pretende expulsar o ministro, mas reforçou que a permanência no ministério implicará na perda do comando do diretório estadual. “Ele tem todo o direito de escolher o caminho que achar melhor. Mas quem está no governo não pode comandar um partido que faz oposição”, afirmou Nogueira.

Lula, por sua vez, fez questão de sair em defesa de Fufuca. Durante entrevista, o presidente elogiou o desempenho do ministro e classificou como “equívoco” a tentativa do PP de afastá-lo.

“Eu quero conversar com o Fufuca, eu não quero que ele saia, eu acho que ele está fazendo um bom trabalho, eu acho que é um equívoco do PP querer expulsá-lo. Mas de qualquer forma eu vou conversar com ele. Eu acho que não é possível, as coisas estão dando certo, porque mexer, porque essa pequenez de atrapalhar um ministro que está fazendo um bom trabalho, por raiva, por inveja, por disputa política. Eu não vou implorar pra nenhum partido estar comigo, vai estar comigo quem quiser, quem quiser ir para o outro lado que vá, e que tenha sorte”, afirmou Lula.

A relação entre Lula e Fufuca vem se consolidando desde a nomeação do maranhense ao comando do Esporte, em setembro de 2023. No mês passado, durante visita a Imperatriz, o presidente antecipou que deve anunciar com o ministro, “no próximo mês”, a criação da Universidade do Esporte — projeto que simboliza o esforço do governo em fortalecer políticas públicas voltadas à juventude e à formação esportiva.

O caso de Fufuca se tornou emblemático na estratégia de Lula de manter pontes com partidos do centrão, mesmo diante das pressões internas e da tentativa de consolidação de uma base aliada menos dependente de acordos partidários formais. A manutenção do ministro no cargo é vista no Planalto como uma demonstração de força política do presidente, que busca reafirmar a autonomia de sua gestão e evitar que disputas partidárias comprometam o funcionamento de pastas consideradas estratégicas.

Em meio às tensões, Fufuca mantém discrição e evita declarações públicas sobre o impasse. Fontes próximas ao ministro afirmam que ele deve seguir a orientação de Lula e permanecer no cargo, reforçando a ideia de que sua prioridade é “continuar trabalhando pelo esporte brasileiro” e não se envolver em disputas de poder dentro do PP.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/lula-deve-reunir-com-brandao-em-brasilia/