
Ver coisas, ouvir sons e até mesmo sentir na pele algo que não é real… essas são as chamadas alucinações. Mas, afinal, o que é uma alucinação? Por que ela pode ocorrer? O que acontece no cérebro humano?
Entenda o que é esse fenômeno neurológico, quais seus tipos e possíveis causas. Desde já, é importante destacar que este artigo é exclusivamente informativo e, caso você ou um conhecido experiencie alucinações, o indicado é sempre consultar um profissional de saúde.
O que é uma alucinação e por que ela ocorre?
Alucinações são percepções sensoriais vívidas e que parecem reais, mas que são geradas internamente pela mente, sem um estímulo externo correspondente. Elas podem se manifestar em qualquer um dos cinco sentidos, levando um indivíduo a, por exemplo, ouvir uma voz clara em uma sala vazia ou a ver uma imagem que mais ninguém percebe.
Essas experiências, embora possam ser assustadoras, são sintomas que podem derivar de diversas condições, desde transtornos de saúde mental e efeitos colaterais de medicamentos até doenças neurológicas, como epilepsia, ou o abuso de substâncias como o álcool.
A investigação da causa é crucial e pode envolver especialistas como psiquiatras, neurologistas ou clínicos gerais. O tratamento é direcionado à origem do sintoma e pode variar de medicação a ajustes no estilo de vida, como a regulação do sono e a redução do consumo de álcool.
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Quais os tipos de alucinações
As alucinações são classificadas de acordo com o sentido que afetam, podendo ocorrer de forma isolada ou combinada.
Alucinações visuais
Envolvem ver elementos que não estão presentes, como objetos, pessoas, padrões geométricos ou luzes. Uma pessoa pode, por exemplo, ver um vulto no canto da sala ou flashes de luz que não existem objetivamente.
Alucinações olfativas (fantosmia)
Despertam o olfato, geralmente com cheiros desagradáveis ou estranhos, como o de fumaça ou algo em decomposição. Também podem se manifestar como aromas agradáveis, como o de flores, mas sem que a fonte do odor esteja presente.
Alucinações gustativas
Semelhantes às olfativas, mas relacionadas ao paladar. É comum a percepção de gostos estranhos ou desagradáveis, sendo o sabor metálico um sintoma relativamente frequente em pacientes com epilepsia.

Alucinações auditivas
São um dos tipos mais comuns. A experiência pode variar desde sons simples, como cliques e zumbidos, até vozes complexas que conversam com o indivíduo ou dão ordens. “As alucinações auditivas são um sintoma característico da esquizofrenia, ocorrendo em 60 a 90% dos pacientes”, aponta o Manual MSD para profissionais de saúde, destacando que as vozes podem ter tons variados: crítico, neutro ou amigável.
Alucinações táteis
Envolvem a sensação de toque ou movimento no corpo. A pessoa pode sentir insetos caminhando sobre a pele (formigamento) ou a impressão de que seus órgãos internos estão se movendo. Também pode haver a sensação de ser tocado por alguém quando não há ninguém por perto.
O que causa as alucinações?
As alucinações não são uma doença em si, mas um sintoma. Identificar a causa é o passo mais fundamental para o tratamento.
Condições de saúde mental
Transtornos como esquizofrenia, demência e delírio estão entre as causas mais comuns. Na esquizofrenia, acredita-se que um desequilíbrio no neurotransmissor dopamina desempenhe um papel central na ocorrência desses sintomas.
Uso de substâncias
O consumo excessivo de álcool e o uso de drogas estimulantes, como a cocaína, podem provocar alucinações. Drogas alucinógenas, como LSD e PCP, são projetadas especificamente para induzir essas percepções alteradas.
Privação de sono
A falta de sono por vários dias ou por períodos prolongados pode desencadear alucinações. Fenômenos como as alucinações hipnagógicas (ao adormecer) e hipnopômpicas (ao despertar) são relativamente comuns e ocorrem nesse estado de transição entre a vigília e o sono.
Medicamentos
Certos fármacos usados para tratar condições como a Doença de Parkinson, depressão, psicose e epilepsia podem ter alucinações como efeito colateral.
Outras condições
Uma vasta gama de problemas de saúde pode ser a causa, incluindo: febres altas (especialmente em crianças e idosos), enxaquecas, isolamento social prolongado, tumores cerebrais, surdez ou cegueira (Síndrome de Charles Bonnet), epilepsia e doenças terminais como câncer cerebral ou falência renal e hepática.
Como as alucinações são diagnosticadas?
Ao suspeitar que suas percepções não são reais, o passo mais importante é procurar um médico. Conforme a National Library of Medicine dos Estados Unidos explica, a alucinação é um sintoma, não uma doença. Assim, para o tratamento correto é preciso identificar a causa base.

O diagnóstico envolverá um questionário detalhado sobre os sintomas, um exame físico completo e, possivelmente, exames de sangue, urina e de imagem cerebral, como uma ressonância magnética ou tomografia.
Se alguém próximo estiver passando por um episódio, é fundamental não o deixar sozinho, pois o medo e a paranoia podem levar a comportamentos perigosos. Acompanhar a pessoa ao médico oferece apoio emocional e ajuda a fornecer um histórico preciso dos sintomas.
Tratamento e prognóstico
O tratamento é inteiramente dependente da causa. Por exemplo, se a causa for abstinência alcoólica, medicamentos para acalmar o sistema nervoso podem ser prescritos. Se for esquizofrenia, antipsicóticos são a base do tratamento.
A psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), também é uma ferramenta valiosa, ajudando o paciente a compreender suas experiências e a desenvolver estratégias para lidar com o medo e a ansiedade associados.
A perspectiva de recuperação varia. Se a causa for um comportamento ajustável, como privação de sono ou consumo de substâncias, a mudança de hábitos pode resolver o problema.
Em casos de transtornos crônicos, como a esquizofrenia, a adesão ao tratamento medicamentoso pode reduzir significativamente ou eliminar as alucinações. Com um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e ter um resultado positivo a longo prazo, garantindo melhor qualidade de vida.
As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.
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