
Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, publicaram um artigo no periódico científico The Astrophysical Journal Letters sugerindo que luas habitáveis – como Pandora, da franquia Avatar – podem ser detectadas em exoplanetas próximos usando uma técnica chamada astrometria, que mede pequenas oscilações na posição das estrelas.
Essa abordagem pode identificar luas com massa suficiente para manter atmosfera e oceanos. A descoberta reforça a ideia de que mundos semelhantes a Pandora podem existir em sistemas próximos do Sol.
Para entender:
- Na ficção, Pandora é a lua de Polifemo, um gigante gasoso que orbita Alpha Centauri A, a cerca de quatro anos-luz do Sistema Solar;
- Pandora é habitada pelos Na’vi, espécie humanoide com pele azul, cerca de três metros de altura, caudas longas e olhos grandes;
- Embora seja um mundo fictício, ele serve como referência para astrônomos e fãs da ciência sobre o que torna uma lua potencialmente habitável;
- Na vida real, um candidato a planeta gigante, designado S1, foi detectado em Alpha Centauri A pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, em agosto deste ano;
- Conforme noticiado pelo Olhar Digital, ele seria aproximadamente do tamanho de Saturno e orbitaria a estrela a até duas vezes a distância entre a Terra e o Sol.
S1 recebeu o apelido de “planeta em desaparecimento” porque não foi observado nos meses seguintes às primeiras detecções. Estima-se que ele possa voltar a ser visível entre 2026 e 2027, dependendo da órbita. Até lá, a comunidade científica o trata como um candidato promissor, mas não confirmado. Caso seja confirmado, seria a maior descoberta já feita pelo JWST.
Alpha Centauri is made up of a binary system of Sun-like stars (A & B) and a faint red dwarf (proxima). Webb data has provided the strongest evidence for a gas giant orbiting star A. pic.twitter.com/gDJbzpp0vw
— NASA Webb Telescope (@NASAWebb) August 7, 2025
Por que é tão difícil encontrar exoluas?
Seis dos oito planetas do Sistema Solar, tirando Mercúrio e Vênus, têm pelo menos uma lua. A Lua da Terra parece ter se formado após uma colisão com outro protoplaneta, enquanto a gravidade de Marte provavelmente capturou dois objetos do cinturão de asteroides, que se tornaram as luas Deimos e Phobos.
Os gigantes gasosos Júpiter e Saturno são os que possuem atualmente o maior número de satélites naturais conhecidos. Júpiter tem 95 luas confirmadas, como Ganimedes, Europa e Io, algumas com oceanos subterrâneos ou potencial para habitabilidade. Saturno é o líder, com 274 luas confirmadas, entre elas Titã, com atmosfera densa e lagos de metano, e Encélado, que abriga oceanos subterrâneos que podem ser capazes de sustentar a vida.
Então, por que não observamos exoluas ao redor dos cerca de seis mil exoplanetas conhecidos? De acordo com o comunicado oficial que divulga o novo estudo, o desafio está na massa: a maior lua do Sistema Solar, Ganimedes, tem apenas 2,5% da massa da Terra. Detectar essas luas é mais difícil que encontrar planetas semelhantes ao nosso. Até hoje, algumas candidatas foram anunciadas por meio de microlentes ou trânsitos, mas nenhuma confirmada.

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Método pode tornar realidade lua habitável fictícia de Avatar
A astrometria surge como uma alternativa promissora. Ao rastrear a posição de um planeta, é possível perceber pequenas oscilações causadas por uma lua em órbita. A equipe simulou cenários com um planeta do tamanho de Saturno em Alpha Centauri A e luas de até 30 massas terrestres. As observações simuladas mostraram que perturbações periódicas da lua seriam detectáveis ao longo de campanhas de três a cinco anos.

Cenários mais realistas indicam que telescópios terrestres de 39 metros, como o planejado Telescópio Europeu Extremamente Grande (ELT), um projeto da Organização Europeia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul (ESO) em construção no Deserto do Atacama, no Chile, poderiam detectar uma lua com massa semelhante à da Terra observando uma vez por dia durante cinco anos. Telescópios espaciais dedicados, observando a cada hora, poderiam obter resultados semelhantes.
Esses avanços significam que a detecção de exoluas habitáveis ao redor de planetas próximos, incluindo S1 (se confirmado), pode estar a algumas décadas de distância. Encontrar essas luas ajudaria a entender sua formação, testar se o Sistema Solar é único e até mesmo explorar a possibilidade de vida em luas rochosas orbitando gigantes gasosos.
Embora a existência de S1 ainda não tenha sido confirmada, a astrometria se apresenta como uma forma promissora de aproximar os cientistas da detecção de luas habitáveis em sistemas vizinhos. Para quem se encantou com Avatar, é como ver Pandora começando a ganhar contornos na ciência.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/15/ciencia-e-espaco/estudo-propoe-como-encontrar-lua-habitavel-de-avatar-na-vida-real/