Brasileiros sentem mais dificuldade para conseguir emprego, aponta pesquisa da FGV

Mesmo com o Brasil registrando a menor taxa de desocupação da história — apenas 5,6%, considerada situação de pleno emprego —, a percepção da população sobre o mercado de trabalho é de pessimismo. De acordo com a quarta edição dos Indicadores de Qualidade do Trabalho, parte da Sondagem de Mercado de Trabalho do FGV IBRE, 60% dos brasileiros afirmam que está difícil ou muito difícil conseguir um emprego. Além disso, quase 40% (39,6%) acreditam que a situação do mercado vai piorar nos próximos seis meses. As informações são da repórter Miriam Leitão, em O Globo.

Maioria dos empregados está satisfeita com o trabalho atual
Apesar da apreensão com o futuro, o levantamento revela um cenário mais positivo entre os trabalhadores já empregados. Apenas 16% consideram provável ou muito provável perder o emprego, enquanto 76,3% dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com sua ocupação atual. Ainda segundo o estudo, 70% afirmam ter renda suficiente para cobrir as despesas mensais.

Pesquisa busca medir qualidade e segurança no emprego
O levantamento, que entrevistou seis mil pessoas em todas as regiões do país, tem como objetivo captar a percepção subjetiva dos brasileiros sobre o mercado de trabalho, complementando dados oficiais como os da PNAD e do Caged. O pesquisador do FGV IBRE, Rodolfo Tobler, explica que a sondagem ajuda a compreender dimensões que vão além das estatísticas tradicionais:

“Buscamos entender como as pessoas se sentem em relação à segurança no emprego, à renda, à proteção social e à perspectiva geral do mercado”, afirma Tobler.

Desaceleração deve ser mais visível em 2026
De acordo com o economista, o aumento do pessimismo é reflexo de uma percepção crescente de desaceleração econômica. Entre junho e setembro, subiu o número de brasileiros que esperam piora nas condições de trabalho. Tobler destaca que, com o nível historicamente baixo de desemprego, é natural que o ritmo de contratações diminua:

“Há um cenário macroeconômico mais restritivo, e isso já começa a ser incorporado pela percepção da população”, observa.

Desigualdade ainda marca o mercado de trabalho
Apesar dos avanços, o estudo ressalta que desigualdades regionais e raciais continuam influenciando a sensação de insegurança no emprego. Trabalhadores brancos, por exemplo, ganham em média 57% mais do que os pretos, o que reforça a necessidade de políticas públicas e corporativas para reduzir a disparidade de oportunidades.