
A primeira-dama Janja Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (21), em Paris, a licença concedida pelo Ibama para a Petrobras perfurar um poço de petróleo na bacia da Foz do Amazonas. A declaração foi dada em meio às críticas de ambientalistas e organizações internacionais, que apontaram contradição entre a decisão e o papel do Brasil como anfitrião da COP30, conferência do clima que será realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro.
— Ainda não é exploração, é pesquisa — afirmou Janja, em resposta a uma pergunta da Folha de S.Paulo. — A gente não pode negar a importância que ainda têm os combustíveis fósseis para o desenvolvimento do país.
“Foi um trabalho muito grande dos ministérios”
A primeira-dama, que está na Europa desde a semana passada, afirmou ter tomado conhecimento da licença pela imprensa, mas elogiou a atuação dos ministérios envolvidos na decisão.
— Foi um trabalho muito grande do Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia, para que se tenha segurança nessa pesquisa. Com toda segurança, como sempre foi feito no Brasil — disse.
A autorização para a perfuração, concedida a 20 dias da COP30, acendeu o debate sobre o equilíbrio entre a política ambiental brasileira e a exploração de novos recursos energéticos.
Transição energética e realismo ambiental
Durante o evento “A transição energética justa e os desafios do futuro”, realizado na tradicional Universidade Sorbonne, Janja reforçou a necessidade de adotar uma postura realista na condução da transição energética.
— É utópico achar que, de um dia para o outro, a gente vai deixar de usar combustível fóssil — afirmou. — A gente não vai conseguir virar essa chave em janeiro e acabar com o uso de petróleo e fósseis, mas a gente tem caminhado e tem feito propostas importantes, conduzidas pelo ministro Fernando Haddad e pela ministra Marina Silva na questão da transição energética.
O discurso da primeira-dama ecoa o posicionamento do governo, que tem buscado conciliar a defesa da sustentabilidade com a manutenção de políticas que assegurem o desenvolvimento econômico, especialmente em regiões menos industrializadas do país.
“Tremendo” pela COP30
Durante a abertura do seminário, Janja declarou estar “tremendo” com a proximidade da COP30. Ao deixar o evento, explicou o motivo da fala.
— Nervosa porque é um evento muito importante, não só para o Brasil, mas para a humanidade. Como eu disse, é o momento em que a gente precisa virar uma chave para realmente buscar as soluções para as mudanças climáticas. E, claro, o Brasil está recebendo e, assim como todo evento, a gente fica nos momentos de ansiedade. Mas, como diz o meu marido: ‘Fique tranquila’. Vai dar tudo certo e vai ser perfeito. Vai ser a melhor COP que já aconteceu — disse, sorrindo.
Diplomacia e Amazônia como vitrine
Na véspera, Janja esteve no Museu Quai-Branly, próximo à Torre Eiffel, para visitar a exposição “Amazônia”. Durante o encontro com Brigitte Macron, esposa do presidente francês, a primeira-dama brasileira fez um convite inusitado.
— Prometi a Brigitte que, durante a COP30, vou levá-la para tomar um banho de rio — contou.
O presidente Emmanuel Macron já confirmou presença na cúpula em Belém. A participação de Brigitte Macron é considerada provável, mas ainda não foi oficialmente anunciada.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/janja-defende-licenca-do-ibama-para-petrobras-na-foz-do-amazonas-ainda-nao-e-exploracao-e-pesquisa/