23 de outubro de 2025
Google apresenta algoritmo quântico 13 mil vezes mais rápido que
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O Google anunciou um avanço técnico significativo em computação quântica com o desenvolvimento de um novo algoritmo capaz de operar 13 mil vezes mais rápido do que um software equivalente em um supercomputador tradicional. Segundo a empresa, a conquista pode acelerar descobertas em áreas, como medicina, desenvolvimento de materiais e outras aplicações científicas.

O trabalho, descrito em artigo publicado na Nature, foi conduzido em um laboratório do Google em Santa Bárbara, na Califórnia (EUA), por uma equipe que inclui Michel H. Devoret — um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física deste ano.

Supercomputadores perdem para o novo algoritmo em intervalo de dez septilhões de anos (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Devoret, que ingressou no Google em 2023, destacou que o resultado marca um passo importante rumo à aplicação prática da tecnologia. “No futuro, quando tivermos computadores quânticos maiores, poderemos realizar cálculos impossíveis com algoritmos clássicos”, afirmou.

O novo algoritmo, batizado de Quantum Echoes, demonstra o potencial dos computadores quânticos para resolver problemas que desafiam os sistemas clássicos. A professora Prineha Narang, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), avaliou, ao The New York Times, o resultado como um progresso importante. “Temos ouvido muito sobre avanços em hardware e, por um tempo, temi que os algoritmos não acompanhassem. Mas eles mostraram que esse não é o caso”, disse.

Google vence supercomputadores com seu algoritmo quântico?

  • A pesquisa do Google ocorre em meio à intensa competição global por liderança em computação quântica, que envolve empresas, como Microsoft e IBM, startups, universidades e programas governamentais, especialmente na China, que investiu mais de US$ 15,2 bilhões (R$ 82 bilhões, na conversão direta) na área;
  • Os computadores quânticos diferem dos clássicos porque não se limitam a manipular bits (0 ou 1), mas, sim, qubits, que podem representar ambos os valores simultaneamente. Esse comportamento, explicado pelas leis da mecânica quântica, torna os sistemas exponencialmente mais potentes conforme o número de qubits aumenta;
  • Na década de 1980, Devoret, ao lado de John M. Martinis e John Clarke, demonstrou que as propriedades da mecânica quântica poderiam ser observadas em circuitos elétricos visíveis a olho nu;
  • “Mostramos, pela primeira vez, que era possível construir átomos a partir de circuitos elétricos”, recordou Devoret. A descoberta foi fundamental para o desenvolvimento dos “qubits supercondutores” usados atualmente por Google, IBM e outras companhias.
Fachada de um prédio do Google com o logo da empresa fixado
Feito histórico pode mudar o que sabemos sobre computação quântica (Imagem: Skorzewiak/Shutterstock)

Leia mais:

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  • Computadores quânticos: a revolução que ainda precisa de tempo
  • Está provado: computadores quânticos superam os tradicionais

Avançados, mas nem tanto

Apesar dos avanços, os computadores quânticos ainda sofrem com erros frequentes. No entanto, melhorias recentes nas técnicas de correção de erros reforçaram a confiança de cientistas de que a tecnologia poderá atingir seu potencial até o fim desta década.

Em 2023, o Google anunciou que um de seus computadores quânticos havia realizado um cálculo matemático complexo em menos de cinco minutos — uma tarefa que, para um supercomputador convencional, levaria dez septilhões de anos, um período superior à idade do Universo.

Embora o teste não tivesse aplicação prática, o feito marcou o que os pesquisadores chamaram de “supremacia quântica”.

Atualmente, Google e seus concorrentes buscam alcançar a chamada “utilidade quântica” — o momento em que essas máquinas superarão os sistemas clássicos em tarefas de relevância real, como simulações químicas e aplicações em inteligência artificial (IA).

“Para que a promessa dos computadores quânticos se concretize, precisamos produzir um novo medicamento que só conhecemos graças a eles”, disse Narang. “Aí, poderemos dizer que todo o investimento valeu a pena.”

chip quantico
Enquanto isso, a chamada supremacia quântica segue sendo perseguida por startups e big techs (Imagem: Wright Studio/Shutterstock)

Mais estudos do Google

O Google também divulgou um segundo estudo, publicado no repositório científico arXiv, mostrando que o Quantum Echoes pode aprimorar técnicas de ressonância magnética nuclear (RMN), usadas para investigar a estrutura e o comportamento de moléculas.

Segundo Ashok Ajoy, professor assistente de química em Berkeley (EUA) que colaborou com os pesquisadores do Google, a RMN é essencial tanto para o desenvolvimento de novos medicamentos quanto para a criação de materiais avançados. “Isto ilustra o poder de um computador quântico”, afirmou. “Ainda é o início, mas as perspectivas são empolgantes.”

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/22/pro/google-apresenta-algoritmo-quantico-13-mil-vezes-mais-rapido-que-um-supercomputador/