
As imagens das barragens rompidas em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) marcaram a história do Brasil e mudaram para sempre a percepção sobre o setor de mineração. A tragédia humana e ambiental revelou a urgência por uma nova abordagem — baseada em tecnologia, monitoramento contínuo e responsabilidade socioambiental.
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Foi desse cenário intrincado a um desejo de mudança que surgiu a Intelltech, uma empresa brasileira que se propôs a usar a ciência e a inovação como instrumentos de prevenção. “Mariana e Brumadinho foram pontos de ruptura — não apenas das barragens, mas de um modelo ultrapassado de gestão de risco”, afirma Hermes Kucinski, diretor-executivo e fundador da Inteltech.
Criar um programa que pudesse ler e interpretar os milhares de sinais emitidos por radares e sensores que permeiam as barragens foi o desafio que dois profissionais da área de pesquisa e informática se impuseram, porém, a escassez de recursos e dificuldade em conseguir patrocínio fez com que a dupla seguisse com suas carreiras sem avançar neste propósito.
O rompimento de fundão, em Mariana, foi o que acabou possibilitando tirar a Intelltech do papel, tendo a Vale como primeiro cliente. E então após a calamidade ocorrida com Brumadinho, que trouxe novas exigências para o setor de mineração, a empresa se consolidou e passou a ser considerada como referência na criação de softwares para o monitoramento de estruturas geotécnicas.
Intelltech se especializou no desenvolvimento de sistemas para o setor geotécnico
Inicialmente, a empresa se resumia a uma pequena sala, mas com a necessidade de aumentar o portfólio de produtos, todos voltados para o setor geotécnico, a Intelltech cresceu e ganhou o mundo. A empresa foi pioneira no desenvolvimento de sistemas integrados de sensoriamento geotécnico e ambiental.
As soluções da empresa utilizam sensores de alta precisão, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial para monitorar, em tempo real, as condições de barragens, encostas e estruturas críticas. Os dados coletados são processados em plataformas próprias, que permitem identificar anomalias e emitir alertas preventivos.
Produtos da Intelltech estão em todas as principais mineradoras do mundo – exceto as da China, que só usam produtos locais.
“Nossos sistemas analisam milhares de variáveis por segundo e conseguem apontar tendências de risco antes que o problema se torne visível”, explica Kucinski. “Isso dá às empresas tempo para agir e evita que tragédias se repitam.” Os equipamentos e softwares desenvolvidos pela empresa também auxiliam na gestão de rejeitos, no controle de efluentes e na eficiência energética, reduzindo o impacto ambiental das operações, promovendo sustentabilidade.
Os produtos da Intelltech estão em todas as principais mineradoras do mundo – exceto as da China, que só usam produtos locais. Dos minérios, a empresa está expandindo para outros ramos de atividades, como a eletricidade. Light, Usiminas e Gerdau também vêm sendo atendidas com as soluções tecnológicas da Intelltech.

Até o final de 2024, a empresa sequer tinha uma equipe comercial. Todas os contratos fechados até ali foram de forma orgânica. Atualmente, a Intelltech conta com equipes de vendas no Chile, Peru, Canadá e Austrália.
Além de ir atrás de novos clientes, a empresa brasileira, nascida em Foz do Iguaçu (PR), planeja tornar-se mais conhecida na sua área de atuação. Em 2026, a Intelltec vai estar no maior evento do mundo de mineração do mundo, o “Slope Stability”, que acontece em Lima, no Peru. “Nós vamos lançar nesse evento um novo interframe e novo dashboard da empresa”, planeja Kucinski, que é administrador de empresas e já assimilou a linguagem própria do mundo das soluções tecnológicas.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/empresa-nacional-intelltech-monitora-barragens-maiores-mineradoras-do-mundo/