27 de outubro de 2025
Mercado cria expectativa por flexibilização do tarifaço de Trump
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As reações positivas de ambos os governos após o encontro dos líderes de Brasil e Estados Unidos devem gerar um efeito positivo nas operações desta segunda-feira (27/10) do mercado financeiro, na avaliação de analistas econômicos. Na semana passada, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) acumulou alta de 1,62% e fechou aos 145.720 pontos. O mercado internacional também havia se animado com a confirmação da reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, que deve ocorrer no próximo dia 30. Já o dólar recuou para R$ 5,38.

O encontro entre Lula e Trump representa um passo necessário para desescalar um atrito que já trouxe aumento de volatilidade e custo para os setores exportadores brasileiros, na avaliação de Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital. “Para os mercados, trata-se de uma oportunidade — não de uma solução automática. A materialização de benefícios dependerá de negociações técnicas bem estruturadas e, sobretudo, da capacidade do Brasil de transformar essa janela diplomática em sinais concretos de previsibilidade econômica”, destaca o especialista.

Gallo acredita em uma queda do dólar ante o real, entre 1% e 3% já no dia de hoje, como reação imediata do mercado, o que deve reverter parte das pressões que as tarifas elevadas impuseram às exportações e às empresas que operam majoritariamente com a moeda local. Além disso, o especialista destaca que pode haver uma alta das ações do Ibovespa, com exportadores e empresas industriais liderando esse movimento. “Se as equipes conseguirem um acordo com suspensão temporária de tarifas e caminhos claros para retirada gradual, veremos redução do prêmio de risco e janelas de compra atrativas; se ficar apenas no simbólico, a incerteza continuará compressiva sobre ativos e investimentos”, acrescenta.

Para José Victor Cassiolato, estrategista da Victrix Capital, o encontro não deve causar nenhum impacto imediato em setores específicos. Mesmo assim, há uma expectativa de que, com o alívio das tarifas, algumas empresas brasileiras voltem a se valorizar, recuperando parte do prejuízo auferido no momento em que as tarifas foram anunciadas.

“E aqui o que fica de pano de fundo é, principalmente, mais um passo que amalgama a candidatura do Lula para as próximas eleições, em 2026, e todos os impactos que isso pode acontecer para o mercado, tanto com relação à gestão da política fiscal, como da trajetória da política monetária, também. Aqui do nosso lado, a gente vê esse cenário muito positivo para as empresas e um cenário eleitoral ainda mais próximo e presente nas discussões de investimento, caminhando para o final do ano e para a virada de 2026”, destaca o estrategista.

Setores otimistas

Neste fim de semana, a tarifa de 50% completou 80 dias em vigor. Com a reunião de ontem, o setor produtivo também ficou mais otimista com a possibilidade de reversão do tarifaço. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que a conversa representa um “avanço concreto” nesse sentido. “O anúncio do início das negociações sobre o tarifaço, com disposição real das duas partes para alcançar um acordo, é um passo relevante. Acreditamos que teremos uma solução que vai devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país”, disse Ricardo Alban, presidente da CNI.

A entidade também afirmou que atuou desde o início das negociações para tentar resolver o impasse com os EUA e para apresentar opções de cooperação, inclusive com o início de conversas sobre data centers, combustível sustentável de aviação e minerais críticos. “É natural que os Estados Unidos busquem proteger suas cadeias produtivas. O que defendemos é um processo racional, transparente e baseado em dados, que permita avançar de forma construtiva”, disse Alban.

Já o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) – um dos setores mais atingidos pelo tarifaço – comemorou o encontro, por meio de nota. O presidente da entidade, Márcio Ferreira, está na Malásia e participa de reuniões com a equipe do governo federal. Segundo ele, há disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas em vigor, que também afetam diretamente a competitividade do café brasileiro nos EUA. “Diante desse cenário, o Cecafé aguarda por resultados concretos para a isenção das tarifas atualmente aplicadas ao setor do café, o que contribuirá para o recuo da atual pressão inflacionária ao produto no mercado dos EUA e para o fortalecimento da sustentabilidade de toda a cadeia produtiva brasileira”, destaca a entidade, em nota.

Fonte: * Correio Braziliense

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/mercado-cria-expectativa-por-flexibilizacao-do-tarifaco-de-trump/