27 de outubro de 2025
Feira policial tem de cães robôs de Trump a antidrones
Compartilhe:

A 5ª edição do Congresso de Operações Policiais (COP) Internacional 2025 reuniu mais de 13 mil credenciados, 84 expositores, 15 delegações e empresas de oito países entre quinta-feira (23) e sábado (25), no São Paulo Expo, na capital paulista. Além da maior feira policial da América Latina, o evento promoveu palestras, painéis e reuniões voltadas ao aprimoramento da legislação e ao endurecimento do combate à criminalidade.

Cinco governadores, dezenas de secretários estaduais de Segurança e representantes de todas as forças policiais do país estavam presentes, o que consolidou o evento como um dos principais fóruns de debate sobre segurança pública no Brasil.

Paralelamente à feira policial, o partido Progressistas e a Fundação Francisco Dornelles, entidade ligada à sigla, promoveram o Fórum de Segurança Pública com palestrantes da área, entre eles o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que migrou para o PP neste ano. Essa foi a terceira edição do fórum, que já aconteceu em março em Brasília e em julho no Espírito Santo.

O foco do congresso não se limita ao armamento apresentado, mas principalmente a soluções de inteligência capazes de integrar dados e antecipar crimes. “A tecnologia hoje não serve só para combater o que está acontecendo, mas para prever quando eles [criminosos] vão agir. Essa é a grande diferença do que está sendo mostrado aqui”, afirmou à Gazeta do Povo João Sansone, idealizador do COP Internacional.

O evento cresceu 30% em área de exposição em relação à edição anterior, e a participação política refletiu o peso que o tema da segurança pública ganhou nas agendas estaduais e no governo federal. “Toda a classe que representa a atividade policial está aqui. Cem por cento do efetivo da polícia brasileira está representado no evento”, disse Sansone.

Entre as inovações apresentadas no evento, equipamentos de alta tecnologia chamaram atenção pelo nível de automação e integração de dados. De cães-robôs usados em operações de resgate a sistemas anti-drones adotados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a feira apresentou equipamentos que refletem a necessidade de modernizar as forças de segurança na mesma velocidade dos avanços tecnológicos.

Ferramentas de análise de dados, armamentos de precisão e soluções de monitoramento em tempo real dominaram os estandes e reforçaram como a tecnologia deve ocupar um papel estratégico nas operações policiais.

VEJA TAMBÉM:

  • PEC da Segurança concentra poder na União, mas estados e municípios bancam quase toda a conta

Cão-robô Spot, usado na casa de Donald Trump, chama atenção em feira policial

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional, maior feira policial da América Latina.Avaliado em US$ 350 mil, o cão-robô Spot vem com câmera térmica e kit de detecção química, radiológica e nuclear. (Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo)

Entre as demonstrações que mais atraíram curiosos na feira policial estava o Spot, o cão-robô usado na segurança da casa do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. O modelo, fabricado pela norte-americana Boston Dynamics e representado pela Radeco (Radiation Detection Equipment Company), executa rondas automáticas e substitui humanos em áreas de risco.

No país de origem já foram vendidas cerca de 2 mil unidades, sete delas adquiridas por Trump, e no total 2,5 mil em todo o mundo. A Polícia Federal brasileira possui duas unidades.

Apresentado em um estande que misturava tecnologia e espetáculo, o robô de 45 quilos se movia com fluidez pelos corredores da feira, sob olhares curiosos dos visitantes. Avaliado em US$ 350 mil, o equipamento tem autonomia de uma hora e meia, suporta até 10 quilos e vem com câmera térmica e um kit QBRN, de detecção química, biológica, radiológica e nuclear.

Sistema antidrones usado pelo Supremo Tribunal Federal

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional, maior feira policial da América Latina.Já utilizado pelo STF, sistema antidrones da Axon detecta e bloqueia sobrevoos não autorizados. (Foto: Divulgação COP Internacional)

Entre as tecnologias que vêm sendo utilizadas por instituições brasileiras apresentadas na COP Internacional 2025 estava o sistema antidrones da Dedrone, empresa líder em segurança do espaço aéreo que foi comprada pela Axon no final de 2024.

O sistema combina radares e câmeras capazes de detectar a presença de drones e identificar a localização exata dos pilotos. Além disso, pode ser integrado a um jammer, equipamento que bloqueia sinais de comunicação e impede a continuidade do voo. No Brasil, apenas forças policiais têm autorização para operar esse tipo de bloqueador, cujo kit completo pode ultrapassar US$ 1 milhão.

O STF conta com três módulos do sistema: um jammer fixo, um jammer móvel e um radar para proteger a sede da Corte contra sobrevoos não autorizados. A combinação permite monitorar grandes áreas com resposta imediata em caso de tentativa de espionagem, ataque ou interferência.

Taser 10 chega às polícias com 10 cartuchos e mira verde para eletrochoque

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional, maior feira policial da América Latina.Com dez cartuchos e mira verde, a nova Taser 10 já é usada por forças de segurança no Brasil. (Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo)

A Taser 10, arma de eletrochoque de última geração, começou a ser entregue a forças de segurança brasileiras em 2025 após lançamento nos Estados Unidos em 2024. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) adquiriu unidades para uso por todas as polícias do estado, que receberam o equipamento neste ano. Além da SSP-SP, a Polícia Rodoviária Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) estão entre as instituições que operam o modelo. O produto é controlado pelo Exército Brasileiro, que regulamenta sua circulação e armazenamento.

A principal novidade em relação às versões anteriores é o carregador com 10 cartuchos, ante os dois do modelo precedente, o que aumenta as chances de imobilizar um alvo sem a necessidade de transição imediata para arma de fogo. Cada dardo custa cerca de US$ 25 e o aparelho tem preço aproximado de US$ 2 mil por unidade. Autoridades e técnicos ouvidos na feira disseram que a ampliação da capacidade de disparos e a melhoria no alcance podem reduzir episódios de escalada letal em operações de rua.

O Taser 10 também trouxe avanços técnicos: mira a laser verde, que segundo o fabricante é dez vezes mais potente que a mira vermelha das versões anteriores e permite melhor visão à luz do dia; alcance máximo de 13,5 metros, ante 7,5 metros dos modelos anteriores; e sensores e software que melhoram a fixação do alvo. O choque provoca incapacitação neuromuscular temporária, com recuperação motora relatada pelos testes de campo em cerca de cinco segundos, embora a duração e os efeitos possam variar conforme a situação e a condição física da pessoa atingida.

Fuzil Arad 7: tecnologia israelense para atirador designado

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional.Fuzil israelense de precisão, Arad 7 começou a equipar forças de segurança brasileiras em 2025. (Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo)

Fabricado pela israelense Israel Weapon Industries (IWI), presente na feira policial, o Arad 7 começou a ser entregue a forças brasileiras em 2025, após lançamento em 2024. O fuzil, calibre 7,62×51 mm, foi adquirido por unidades como a Polícia Civil de São Paulo e secretarias de Segurança do Amazonas, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Goiás.

Projetado para atiradores designados, o Arad 7 oferece três modos de disparo, automático, semiautomático e rajado, e alcance eficaz estimado em cerca de 500 metros, voltado para tiros de maior distância e engajamento de alvos específicos. O armamento é totalmente ambidestro, adota pistão de curso curto, o que reduz aquecimento e facilita a limpeza, e traz um trilho Picatinny monolítico que facilita o alinhamento de miras e acessórios.

O projeto inclui coronha rebatível para transporte e coronha telescópica para ajuste ergonômico ao porte do atirador. O modelo desembarcou no país este ano e tem preço superior a R$ 30 mil por unidade, segundo fontes do setor consultadas na feira.

Sistema de câmeras corporais da PM-SP

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional, maior feira policial da América Latina.As câmeras corporais Motorola V500 da PM-SP têm geolocalização e reconhecimento facial. (Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo)

Apresentadas na COP Internacional 2025, as câmeras corporais Motorola V500 representam a nova geração de câmeras operacionais portáteis em uso pelas polícias brasileiras. O equipamento começou a ser adotado pela Polícia Militar de São Paulo em 2025 e deve alcançar 15 mil unidades, ante as 12 mil atualmente em operação.

Os aparelhos são personalizáveis e na PM-SP operam por meio de um cartão individual, que vincula a câmera ao policial no momento da retirada. Ao ser acoplada na doca, a câmera carrega e transfere automaticamente os dados, em um processo que leva cerca de seis horas para carga completa e upload das imagens.

O sistema conta com geolocalização permanente e pode ser acionado remotamente pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), que também consegue visualizar as câmeras em mapa georreferenciado. Cada vídeo é registrado com número de protocolo da ocorrência, nome do operador, data, hora e localização. O modelo ainda oferece reconhecimento automático de placas e reconhecimento facial por meio da tecnologia Snap Shot.

IPQ leva inteligência artificial, big data e automação em estande na feira policial

A Gazeta do Povo traz os principais destaques do COP Internacional.A plataforma Tático, da brasileira IPQ, integra dados e emergências em tempo real para apoiar decisões das polícias. (Foto: Fernanda Silva/Divulgação IPQ)

As soluções de inteligência que integram dados estavam entre os principais ativos da COP Internacional 2025, buscados pelas forças de segurança pública. Exemplo disso é a IPQ Tecnologia Ltda, empresa brasileira especializada em inteligência artificial, big data e automação operacional, que apresentou a plataforma Tático, já utilizada pela Secretaria de Segurança Pública da Paraíba.

Desenvolvida pela BX2 e implementada pela IPQ, a solução reúne três módulos, Tático Inteligência, Tático Despacho (CAD) e Tático Emergência, que conectam centrais, viaturas e cidadãos em um ecossistema digital de segurança pública. O sistema integra múltiplas bases de dados com análises preditivas, reconhecimento facial e veicular e georreferenciamento em tempo real, permitindo decisões mais rápidas e coordenadas.

Com uso prático em escolas, hospitais, transportes públicos e situações de violência doméstica, o Tático Emergência reduz o tempo de resposta a situações críticas e fortalece políticas públicas de proteção.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/caes-robos-trump-anti-drones-stf-destaques-maior-feira-policial-america-latina/