A principal honraria do Prêmio Jabuti 2025, o reconhecimento de Livro do Ano, foi concedida à obra “O Ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim”. Esta coletânea de textos dedicados ao renomado compositor brasileiro é de autoria do jornalista e escritor Ruy Castro. A solenidade de premiação ocorreu na noite de segunda-feira (27), nas dependências históricas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o prestigiado evento também reconheceu os destaques em 23 outras categorias, abrangendo quatro eixos temáticos principais: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.
Além da estatueta dourada que simboliza a vitória máxima, Ruy Castro levou para casa uma recompensa de R$ 70 mil e o direito a uma viagem para a Feira do Livro de Londres. Esta feira será palco, em 2026, da celebração do Ano da Cultura Brasil–Reino Unido. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2022, Castro já acumula reconhecimentos notáveis, incluindo o Prêmio Machado de Assis e uma vitória anterior no próprio Jabuti, em 2023, por seu trabalho “Os Perigos do Imperador: Um Romance do Segundo Reinado“.
O livro vitorioso de Castro em 2025 serviu de inspiração para o lançamento, em agosto deste ano, da série radiofônica “Tom Jobim, o Ouvidor do Brasil”, veiculada pela Rádio MEC. Essa produção original, conduzida pelo próprio jornalista e escritor, consistiu em oito episódios semanais na emissora pública, explorando os diferentes estilos, as fases de criação e as temáticas centrais na obra de Jobim. Adicionalmente, o programa ressaltou os principais intérpretes que deram voz às composições de Tom Jobim, desde o início de sua trajetória até a contemporaneidade.
Nascido em Caratinga, Minas Gerais, em 1948, Ruy Castro iniciou sua trajetória profissional como repórter em 1967. A partir de 1990, ele direcionou seu foco para a produção literária. O autor é amplamente reconhecido por suas detalhadas biografias de figuras icônicas como Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda, além de ter se dedicado a reconstruções históricas que abordam a Bossa Nova e o panorama da cidade do Rio de Janeiro na década de 1920.
Os laureados nas outras categorias foram agraciados com a estatueta do Jabuti e uma quantia de R$ 5 mil. De acordo com a organização do prêmio, esta 67ª edição contou com 4.530 obras inscritas. O minucioso processo de seleção e avaliação mobilizou um corpo de mais de 60 jurados, selecionados por sua diversidade de formação e representatividade.
Destaque do ano: Ana Maria Machado recebe homenagem literária
Ana Maria Machado foi a escritora eleita como Personalidade Literária desta edição. Esta honraria é conferida a nomes cruciais da literatura brasileira, cujo trabalho é reconhecido por fortalecer a cultura nacional e influenciar a formação de inúmeras gerações de leitores. Além de sua carreira literária, Machado atuou como jornalista tanto no Brasil quanto no exterior, chegando a ser detida em 1969 durante a ditadura militar.
Seu vasto repertório inclui mais de uma centena de títulos publicados, abrangendo romances, ensaios, contos e uma significativa produção infantojuvenil. Na Academia Brasileira de Letras (ABL), ela ocupa a sexta posição na Cadeira nº 1, tendo sido eleita em 24 de abril de 2003. Suas obras alcançaram projeção internacional, sendo traduzidas para diversos idiomas e publicadas em mais de 20 nações.
Ela também é uma tripla vencedora do Prêmio Jabuti: em 1978, com o livro “História meio ao contrário” (na categoria Literatura Infantil); em 1997, por “Esta força estranha” (Infantojuvenil); e em 2000, com “Fiz voar meu chapéu” (também Infantojuvenil).
Conheça os destaques premiados por eixo
O Prêmio Jabuti 2025 reconheceu uma ampla gama de obras em seus quatro eixos. No Eixo Literatura, os vencedores por categoria foram: em Conto, “Dores em salva”, de Elimário Cardozo, publicado pela Editora Patuá; em Crônica, o próprio “O ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim”, de Ruy Castro, pela Companhia das Letras; em Histórias em Quadrinhos, “Mais uma história para o velho Smith”, de Orlandeli, pela Gambatte; na Literatura Infantil, a estatueta foi para “Estações”, de Marilda Castanha e Daniel Munduruku, pela Moderna; na Juvenil, “O Silêncio de Kazuki”, de André Kondo e Alessandro Fonseca, da Telucazu Edições; na Poesia, o título “Respiro”, de Armando Freitas Filho “em memória”, da Companhia das Letras; em Romance de Entretenimento, “As fronteiras de Oline”, de Rafael Zoehler, publicado pela Patuá; e, por fim, em Romance Literário, venceu “Vento em setembro”, de Tony Bellotto, da Companhia das Letras.
O Eixo Não Ficção premiou: em Artes, “Thomaz Farkas, todomundo”, organizado por Sérgio Burgi, Juliano Gomes, Rosely Nakagawa e Kiko Farkas, pelo Instituto Moreira Sales (IMS); em Biografia e Reportagem, o vencedor foi “Longe do ninho”, de Daniela Arbex, da Intrínseca; na Economia Criativa, “Ensaio sobre o cancelamento”, de Pedro Tourinho, da Planeta do Brasil; na categoria Educação, o destaque foi “Letramento racial: uma proposta de reconstrução da democracia brasileira”, de Adilson José Moreira, pela Contracorrente; em Negócios, “A essência de empreender: como foi construído o Grupo Boticário, um dos maiores ecossistemas de beleza do Brasil”, de Miguel Krigsner, da Portfolio-Penguin; e, em Saúde e Bem-Estar, venceu “Felicidade ordinária”, de Vera Iaconelli, pela Zahar.
No Eixo de Produção Editorial, os premiados foram: na categoria Capa, “Acrobata”, com arte de Kiko Farkas, da Companhia das Letras; em Ilustração, “Bento Vento Tempo”, ilustrado por Nelson Cruz, pela Companhia das Letrinhas; em Projeto Gráfico, “Palavra”, de responsabilidade de Paula Lobato, Vitor Cesar e Felipe Carnevalli, do Instituto Tomie Ohtake; e na categoria Tradução, a vitória foi de “Byron: poemas, cartas, diários & c.”, traduzido por André Vallias, da Perspectiva.
Finalizando, o Eixo Inovação destacou novos talentos e projetos de fomento à leitura. Como Escritor Estreante – Poesia, o prêmio ficou com Luis Osete por “Maracujá interrompida”, da Cepe; e como Escritor Estreante – Romance, o vencedor foi Marcelo Henrique Silva, com “Sangue Neon”, pela Faria e Silva. Na categoria Fomento à Leitura, o reconhecimento foi para “AbraPalavra: onde a literatura se encontra com a vida cotidiana”, coordenado por Aline Cântia.
Também no fomento à leitura, na subcategoria Rio Capital Mundial do Livro, premiou-se o projeto da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Por fim, na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, o prêmio coube a “BRABA – Antologia Brasileira de Quadrinhos”, uma parceria entre Mino e Fanthagraphics Books.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/o-ouvidor-do-brasil-99-vezes-tom-jobim-vence-principal-categoria-do-premio-jabuti-2025/
