Nove mandados de prisão e 11 de busca e apreensão são cumpridos nesta quinta (30) em cidades do estado de São Paulo contra dois líderes do PCC acusados de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. De acordo com as primeiras informações, os mandados da Operação Off White são cumpridos em condomínios de alto padrão em Campinas (SP), onde 12 imóveis de luxo e valores de contas bancárias foram bloqueados, e também em locais dos municípios de Mogi Guaçu e Artur Nogueira.
Além dos dois líderes do PCC, também estão na mira desta operação empresários, agiotas e influenciadores digitais que eram utilizados para lavar o dinheiro da facção criminosa. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
As primeiras informações apontam que, durante o cumprimento de mandados em Campinas, houve um confronto com policiais e um dos investigados que acabou morrendo no local. Um policial militar foi baleado e encaminhado ao Hospital de Clínicas da Unicamp.
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A operação desta quinta (30) é um desdobramento de duas ações deflagradas no mês de agosto – a “Linha Vermelha” e “Pronta Resposta” – que já haviam revelado um plano do PCC para assassinar o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, em Campinas. A análise do material apreendido nessas fases anteriores levou à descoberta de um novo braço financeiro da facção, que envolvia empresários e intermediários do mercado legal.
“Os promotores de Justiça detectaram sólidas conexões entre esses alvos. Essas conexões revelaram diversas transações econômicas nas quais a origem criminosa dos valores negociados havia sido ocultada ou dissimulada pelos envolvidos”, afirmou o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
As provas coletavas, aponta a promotoria, indicam que o grupo criminoso realizou sucessivas operações imobiliárias e movimentações bancárias com o objetivo de espalhar o patrimônio para esconder quem eram os verdadeiros donos e de onde vinha o dinheiro. As transações chamaram a atenção das autoridades justamente pelo alto valor e pela tentativa de disfarçar os vínculos entre os sócios das empresas.
Em meio à disputa interna por poder e dinheiro após as operações em agosto, integrantes do PCC teriam se desentendido, o que acelerou a investigação. O grupo teria “há anos, amealhado capital e patrimônio oriundo do tráfico de drogas”.
“Foi justamente nesse contexto que os investigados concretizaram diversas transações imobiliárias e financeiras visando a dissipar seu patrimônio e a ocultar os verdadeiros beneficiários e a origem criminosa dos bens e valores”, afirma a promotoria.
As desavenças internas teriam revelado a rede de conexão entre os criminosos, empresários e agiotas usados como laranjas para movimentar os recursos do tráfico. Para a promotoria, a facção vem se utilizando de sofisticadas operações financeiras para lavar o dinheiro do tráfico.
O MPSP, no entanto, não sinalizou se há ligação deste esquema com a adulteração de combustíveis e sonegação tributária através de postos descobertas durante a operação Carbono Oculto, deflagrada no final do mês de agosto contra 350 alvos.
Naquela ação, a autoridade apontou, ainda, o uso de fintechs sediadas em São Paulo para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/operacao-sp-nucleo-financeiro-pcc-contra-dois-lideres-faccao/
