30 de outubro de 2025
Anatel: milhares de provedoras de internet fixa se tornam clandestinas
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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está excluindo o cadastro de milhares de provedoras de internet fixa a partir desta quinta-feira (30). Com a medida, as empresas perdem a outorga e passam a ser consideradas clandestinas.

Segundo dados da agência revelados ao Uol, a estimativa é que, ao todo, 22 mil provedoras que atuam no Brasil – cerca de 23% das fornecedoras de internet fixa – entrem nessa categoria.

Empresas de banda larga fixa com até 5 mil clientes não precisavam de autorização para operar, mas isso mudou (Imagem: edusma7256/Sutterstock)

Anatel mudou regulação para empresas de internet fixa

A Anatel estabelecia que empresas do setor de banda larga fixa com até 5 mil clientes não precisavam de outorga (autorização formal) para atuar. A regra beneficiava 10.540 companhias.

No entanto, em julho deste ano, o Conselho Diretor da Anatel acabou com a isenção. As companhias tiveram 120 dias para se adequar. O prazo terminou na quarta-feira (29) e, a partir desta quinta-feira (30), a agência pode começar a excluir os cadastros das empresas que não regularizaram sua situação.

Cabo de internet cortado em data center
Anatel não revelou quantos clientes foram afetados, mas internet não será cortada imediatamente (Imagem: Maximumm/Shutterstock)

Companhias viraram clandestinas

Sem a autorização formal da Anatel para operar, as empresas passam a ser consideradas clandestinas, crime previsto na Lei Geral de Telecomunicações. A punição é de dois a quatro anos de detenção, com pena aumentada pela metade se houver danos a terceiros.

Cerca de 22 mil companhias podem entrar nessa categoria. O número de clientes afetados é incerto.

Além da autorização para operar, a Anatel também exige que as empresas repassem dados do setor de telecomunicações. A estimativa é que 45% não fazem isso e, entre as que operavam sem outorga, o número subia para 56%.

Segundo a Anatel, isso fez o nível de informalidade explodir. A falta de informações dificulta a coleta de dados, o que afeta tanto a estimativa de usuários impactados quanto a formulação de políticas públicas e investimentos para ampliar a conexão no país.

Empresas ainda podem regularizar a situação (Imagem: i am Em/Shutterstock)

Internet não será cortada imediatamente

A partir de julho, quando a isenção foi cortada, as empresas tiveram 120 dias para se adequar.

  • Dados da Anatel compartilhados com o Uol revelaram que, antes da medida, 12.054 companhias tinham a autorização;
  • Até terça-feira (28), o número subiu para 16.002;
  • Entre as empresas que se tornariam clandestinas, 3.588 conseguiram regularizar a situação e outras 1.661 iniciaram o processo;
  • Outras 5.291 não haviam sequer começado o processo.

Para obter a outorga, as companhias precisam enviar os devidos documentos e pagar uma taxa de R$ 400. Caso tudo esteja correto, a análise leva três dias.

Se esse cenário não mudar, as companhias que não iniciaram o processo serão consideradas clandestinas.

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No entanto, Gesilea Teles, superintendente de fiscalização da Anatel, explicou que a internet não será cortada imediatamente. A agência tem autorização para isso, mas, como algumas empresas prestam serviços para hospitais, prefeituras e polícia, não dá para interromper a conexão de forma imediata. Ela afirmou que é preciso garantir um prazo para que esses locais consigam outros prestadores – ou que as empresas corram atrás da autorização.

O Olhar Digital entrou em contato com a Anatel para obter mais informações sobre como vai funcionar o processo de corte e como anda o mapeamento das empresas clandestinas. A nota será atualizada mediante o retorno da agência.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/30/pro/anatel-milhares-de-provedoras-de-internet-fixa-se-tornam-clandestinas-hoje/