31 de outubro de 2025
Foz do Iguaçu vai usar IA para monitorar dengue em
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Foz do Iguaçu (PR) vai contar com um sistema inteligente de monitoramento do mosquito transmissor da dengue. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e a prefeitura que promete revolucionar o controle da doença com o uso de inteligência artificial e sensores de alta precisão.

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O projeto será conduzido pela Unioeste, campus Foz do Iguaçu, sob coordenação do professor André Gustavo Maletzke, do curso de Ciências da Computação. O trabalho contará com apoio técnico e logístico do Centro de Zoonoses do município.

“Uma das grandes dificuldades no combate à dengue é saber o tamanho da população de mosquitos. Quando conseguimos medir isso com precisão, podemos agir de forma mais rápida e eficiente diante de um possível surto”, aponta Maletzke.

O sistema funciona por meio de sensores óticos capazes de identificar o mosquito no momento em que ele entra na armadilha. A tecnologia usa algoritmos de inteligência artificial para reconhecer a espécie e suas características biológicas, inclusive diferenciando o Aedes aegypti de outros insetos.

Tudo é feito de forma automática e em tempo real, eliminando a necessidade de coleta manual de dados. “Pesquisas como essa mostram a força da ciência feita aqui e seu impacto direto na vida das pessoas”, destacou o diretor-geral da Unioeste Foz, Sérgio Moacir Fabriz.

Tecnologia usa algoritmos de inteligência artificial para reconhecer a espécie e suas características biológicas, inclusive diferenciando o Aedes aegypti de outros insetos. (Foto: Mohammad Fayed/Unioeste)

Padrão de comportamento dos mosquitos ajuda a prever surtos da doença

Com custo estimado em até dez vezes menor que o de equipamentos similares disponíveis no mercado, os sensores permitirão a instalação de uma ampla rede de monitoramento na cidade de Foz do Iguaçu a partir de 2026, como projeto-piloto. O sistema vai gerar informações sobre densidade populacional, horários de maior atividade e áreas mais afetadas, além de prever surtos com base em padrões de comportamento dos mosquitos.

A pesquisa foi desenvolvida ao longo de uma década pela Unioeste em colaboração com instituições de referência, como a Universidade de São Paulo (USP), a North Carolina State University (EUA) e a Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália). A tecnologia é capaz de identificar cerca de 3,5 mil espécies de mosquitos, sendo 200 delas transmissoras de doenças.

A inteligência artificial reconhece o som das asas do inseto — cada espécie possui uma frequência específica — e pode até indicar se o mosquito já fez uma picada. Os dados são enviados automaticamente a uma central, onde são processados e utilizados para orientar ações de prevenção.

A inteligência artificial reconhece o som das asas do inseto — cada espécie possui uma frequência específica — e pode até indicar se o mosquito causador da dengue já fez uma picada.A inteligência artificial reconhece o som das asas do inseto — cada espécie possui uma frequência específica — e pode até indicar se o mosquito já fez uma picada. (Foto: Mohammad Fayed/Unioeste)

Para o prefeito de Foz do Iguaçu, Joaquim Silva e Luna (PL), o projeto representa um avanço inédito no combate à dengue. “É um salto na prevenção e na proteção da nossa população. Temos um desafio grande nessa área, e essa parceria com a universidade traz uma solução tecnológica que vai ajudar muito a cidade”, afirmou.

A pior epidemia de dengue que a cidade — localizada na Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina — enfrentou foi em 2023, o que levou à decretação de estado de emergência em fevereiro e março daquele ano. Foram mais de 50 mil notificações, 26 mil casos confirmados e 22 óbitos, além de mais de mil registros de chikungunya. O município chegou a ser o segundo no Paraná com mais mortes e casos da doença.

Foz tem queda animadora nos casos de dengue

No ano passado, apesar de os números serem mais modestos, o cenário seguiu desafiador com a cidade, ultrapassando a marca de 13 mil casos de dengue, com o registro de 10 óbitos e mais uma decretação de estado de emergência, em março. Neste ano, os números mostram uma retração animadora nos números.

O cenário em 2025 é drasticamente diferente. Entre janeiro e setembro, o município contabilizou 7.443 notificações, com apenas 943 casos confirmados, sem registro de óbitos. Isso representa uma queda recorde e um dos cenários mais positivos dos últimos anos no combate à doença.

Os técnicos do Centro de Controle de Zoonoses explicam que os moradores da cidade já estão imunizados contra os sorotipos 1, 2 e 4 da doença. O que preocupa neste ano é o tipo 3, que está em circulação no Paraná, com casos confirmados no estado. A última vez que esse sorotipo havia circulado de forma predominante no Brasil foi antes de 2008, e no Paraná, especificamente, foi em 2016.

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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/foz-do-iguacu-vai-usar-ia-para-monitorar-aedes-aegypti-dengue/