Jundiaí (SP) receberá a primeira unidade do Exército Brasileiro equipada com mísseis de defesa antiaérea de média altura, capazes de atingir alvos a até 15 mil metros de altitude e 40 quilômetros de distância. O 12º Grupo de Artilharia de Campanha foi transformado, em julho, no 12º Grupo de Artilharia Antiaérea (12º GAAAe) e receberá os sistemas no médio prazo. Atualmente, o Brasil só opera equipamentos de baixa altitude, limitados a 5 mil metros.
A modernização ocorre em um contexto de transformações no cenário internacional, marcado por disputas geopolíticas entre grandes potências e o surgimento de novas tecnologias e ameaças que vêm redesenhando o ambiente global de segurança. Forças Armadas de diversos países têm investido em atualização de seus sistemas de defesa.
A nova capacidade de defesa antiaérea de média altura representa uma ampliação significativa em relação aos sistemas em operação no Brasil. O Exército utiliza hoje equipamentos como os mísseis portáteis Igla-S e RBS-70, as viaturas blindadas de combate Gepard 1A2 e o radar SABER M60.
Inicialmente, o 12º GAAAe receberá sistemas de defesa de baixa altura transferidos do 2º Grupo de Artilharia Antiaérea, de Praia Grande (SP). A previsão é que os mísseis de médio alcance sejam incorporados na sequência, conforme o cronograma de modernização da força.
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Localização oferece vantagens logísticas e estratégicas
A escolha de Jundiaí como sede da nova unidade foi definida com base em critérios logísticos e estratégicos. A cidade possui parque industrial consolidado, posição central na região Sudeste e acesso facilitado aos portos de Santos e do Rio de Janeiro, aos aeroportos de Viracopos e Guarulhos, e a rodovias como a Anhanguera.
Essas características permitem deslocamento e apoio operacional para diferentes regiões do país. Com a criação do 12º GAAAe, o Comando de Defesa Antiaérea do Exército, sediado em Guarujá (SP), passa a contar com sete grupos especializados na proteção de estruturas estratégicas e na defesa do espaço aéreo brasileiro.
Além de Jundiaí, há estudos para a expansão do sistema para outras regiões estratégicas do país.
O Exército Brasileiro, em conjunto com a Força Aérea Brasileira, desempenha papel fundamental na defesa do espaço aéreo nacional. No âmbito da Força Terrestre, essa missão é coordenada pelo Comando de Defesa Antiaérea do Exército, responsável por planejar, coordenar e executar ações de proteção de áreas sensíveis e de tropas em operações.
Míssil portátil RBS-70 de fabricação sueca. (Foto: Divulgação/Comando de Defesa Antiaérea do Exército )Programa prevê modernização até 2040
A transformação da unidade de Jundiaí está inserida no programa “Força 40”, iniciativa estratégica que busca preparar o Exército Brasileiro para os desafios até o ano de 2040. O programa prevê avanços em quatro pilares: doutrina, pessoal, capacidades e estratégia.
Entre as novas capacidades previstas estão sistemas avançados de defesa antiaérea, antimíssil e contra drones, integrados e de alta precisão. A “Força 40” deverá incorporar conceitos como operações multidomínio, que integram forças terrestres, aéreas, navais e cibernéticas, e A2/AD (antiacesso e negação de área), voltado à proteção do território e à dissuasão de ameaças.
Até 2040, o Exército se prepara para uma doutrina militar terrestre adaptada às mais recentes formas de conflito. A “Força 40” será caracterizada pela flexibilidade e alta capacidade de adaptação, podendo atuar em diferentes tipos de operação — desde grandes combates convencionais até missões de menor escala, como ações de paz, operações de apoio à população ou defesa contra ameaças não convencionais.
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Exército busca equipamentos no mercado internacional
O Exército ainda não possui sistemas de média altura operacionais. O Estado-Maior da corporação conduz estudos e análises de equipamentos disponíveis no mercado, seguindo os “Requisitos Operacionais dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar de Defesa Antiaérea de Média Altura”, documento elaborado pela própria instituição em 2024.
A implementação da defesa antiaérea de média altura visa ampliar a segurança de bases aéreas, instalações estratégicas e esquadras navais. A nova capacidade tem forte efeito dissuasório, reforçando a credibilidade e a capacidade de resposta do Brasil frente a ameaças externas.
Além de Jundiaí, há estudos para a expansão do sistema para outras regiões estratégicas do país. A medida está alinhada ao plano estratégico do Exército 2024-2027 e à estratégia militar terrestre, ambos com foco na dissuasão e na pronta-resposta.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/base-defesa-antiaerea-misseis-capazes-de-atingir-40-quilometros/
