4 de novembro de 2025
Morre aos 100 anos Clara Charf, militante política e viúva
Compartilhe:

Faleceu nesta segunda-feira (3), Clara Charf, histórica militante política e viúva de Carlos Marighella, aos 100 anos, em São Paulo (SP). Desde a juventude, dedicou sua vida à luta por justiça social e à defesa da democracia no Brasil.

A morte foi confirmada pela Associação Mulher pela Paz, fundada e presidida por Clara Charf, que, desde jovem, se dedicou às causas sociais e aos direitos femininos.

“Clarinha morreu de causas naturais. Estava hospitalizada há alguns dias, intubada. Dentre as diversas atividades dessa guerreira, foi também idealizadora e fundadora da Associação Mulheres pela Paz, da qual era presidenta. Deixa um legado de lutas pelos direitos humanos e equidade de gênero”, destaca nota da entidade.

Nascida em 17 de julho de 1925 em Maceió, em Alagoas, Clara Charf celebrou seu centenário neste ano. Na sua juventude, aos 21 anos, ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) onde conheceu Carlos Marighella, seu futuro companheiro de vida e militância. Posteriormente, integrou organizações de resistência, como a Ação Libertadora Nacional (ALN), que atuava contra a repressão durante a ditadura militar. 

O relacionamento dos dois durou de 1948 a 1969, até o assassinato dele por agentes da ditadura, em ação comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

Logo após o assassinato do companheiro, Clara se exilou em Cuba, onde viveu por dez anos com identidade falsa, trabalhando como tradutora. Com a promulgação da Lei da Anistia em 1979, voltou ao Brasil, e se filiou ao recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual saiu candidata a deputada federal em 1982.

Mesmo nas últimas décadas, manteve-se ativa em campanhas, manifestações e encontros políticos, sendo reconhecida como uma das figuras mais importantes da esquerda brasileira. 

Em 2005, Clara Charf passou a coordenar no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que nasceu na Suíça. A ideia foi promover a indicação coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz daquele ano.

Em 13 de maio de 2019, recebeu o título de cidadã paulistana da Câmara Municipal de São Paulo. Ela viveu no bairro do Bom Retiro, na capital paulista, durante a maior parte de sua vida.

MULHER EXTRAORDINÁRIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou homenagem à ativista e militante de esquerda Clara Charf, que faleceu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos. Viúva de Carlos Marighella, símbolo da resistência contra a ditadura militar, Clara foi lembrada por Lula como “uma mulher extraordinária” e “companheira de muitas caminhadas”.

Lula descreveu Clara como “corajosa, generosa, combativa e de grande maturidade política”, ressaltando sua trajetória marcada pela luta em defesa da democracia e pelos direitos sociais.

“Clara Charf nos deixou hoje, aos 100 anos de idade. Com seu falecimento, o Brasil perde uma mulher extraordinária. E eu perco uma companheira de muitas caminhadas”, escreveu o presidente.

Ele destacou ainda que a militante atravessou um século de vida “com uma flexibilidade bonita de quem sabia compreender o novo sem abandonar seus princípios, de quem olhava o mundo com lucidez e coração aberto”.

Veja homenagens a Clara nas redes sociais:

Fonte: https://horadopovo.com.br/morre-aos-100-anos-clara-charf-militante-politica-e-viuva-de-carlos-marighella/