Momentos marcantes da carreira de Lô Borges, fundador do Clube da Esquina

O cantor, compositor e guitarrista Lô Borges, um dos nomes mais marcantes da Música Popular Brasileira e cofundador do Clube da Esquina, morreu na noite de domingo (2/11), aos 73 anos, em Belo Horizonte (MG). O artista estava internado desde 17 de outubro no Hospital Unimed, tratando de um quadro de intoxicação medicamentosa.

Salomão Borges Filho, conhecido artisticamente como Lô, nasceu em 4 de setembro de 1952, em Belo Horizonte, e transformou-se em um dos nomes mais influentes da música brasileira. Sua obra se consolidou pela mistura entre lirismo, experimentação sonora e o regionalismo mineiro, pilares do movimento Clube da Esquina.

“Compor, fazer música é uma coisa imperiosa para mim. É como beber água.” — Lô Borges, em entrevista ao Correio em 2024.

Aos 19 anos, Lô Borges lançou, ao lado de Milton Nascimento e outros músicos mineiros, o histórico álbum “Clube da Esquina” (1972) — uma das obras mais importantes da MPB, que uniu rock, jazz, bossa nova e referências andinas.
No mesmo ano, o artista lançou seu primeiro disco solo, Lô Borges, cuja capa com um tênis branco se tornou um ícone da música brasileira.

Canções como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” atravessaram gerações e continuam sendo interpretadas por artistas de diferentes estilos e épocas.

Estilo e legado

Com harmonias complexas e melodias de rara beleza, Lô desenvolveu uma assinatura musical única, marcada pela introspecção e pelo olhar poético sobre o cotidiano. Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, lançou trabalhos como A Via-Láctea (1979), Sonho Real (2004) e Chama Viva (2022), este último em comemoração aos 50 anos de trajetória.

Mesmo após meio século de estrada, manteve um ritmo intenso de criação, lançando quase um álbum por ano nos últimos tempos.

“Não consigo parar de compor. Tenho fascínio pelo desconhecido.” — declarou à União Brasileira de Compositores (UBC).

Lô Borges inspirou gerações de músicos e ajudou a redefinir os rumos da MPB. Sua obra reflete a alma mineira — introspectiva, afetiva e universal — e permanece como um dos maiores legados da música brasileira.

O artista enfrentava problemas de saúde desde outubro e havia cancelado uma apresentação em Brasília devido ao tratamento. Mesmo longe dos palcos, sua influência continuava pulsando entre os novos nomes da cena musical.

A despedida de Lô Borges deixa uma lacuna na cultura brasileira, mas sua voz, melodias e poesia permanecem eternas na memória afetiva do país.

Fonte: Correio Braziliense