4 de novembro de 2025
Lula recebe plano de contingência contra tarifa de 50% dos
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a cobrar uma redução na taxa básica de juros da economia brasileira nesta terça-feira (4), data em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou sua penúltima reunião do ano para definir o rumo da Selic.

As declarações foram feitas durante o Bloomberg Green Summit, em São Paulo, evento em que o ministro também participou de agendas preparatórias para a COP 30. A taxa básica de juros, usada pelo Banco Central para controlar a inflação, está atualmente em 15% ao ano, e a expectativa é de que se mantenha inalterada nesta reunião, cujo resultado será divulgado na quarta-feira (5).

Crítica à taxa de juros e defesa da retomada do crescimento

Haddad afirmou que o atual patamar dos juros prejudica a capacidade produtiva do país e inviabiliza uma retomada mais forte do crescimento econômico.

“Não tem como manter 10% de juro real, já que a inflação é de 4,5%. Eu tenho alergia à inflação, mas é uma questão de razoabilidade. A dose do remédio pode virar veneno”, disse o ministro, ao criticar a política monetária do Banco Central.

Para ele, o Brasil está em um momento favorável e pode avançar mais rapidamente se os custos do crédito forem reduzidos. “Podemos terminar o mandato com indicadores econômicos muito superiores. Não precisamos pagar juros tão altos. Isso afeta até a capacidade de produção do país”, afirmou.

“Maior solidez” e confiança do mercado

Durante o evento, Haddad destacou o que chamou de “fase de solidez” da economia brasileira e disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encerrar o mandato “de forma muito tranquila”, em dezembro de 2026.

“Nos últimos três anos, o Brasil fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável. E isso já está sendo percebido pelos investidores”, declarou o ministro, citando o aumento dos leilões de infraestrutura realizados na Bolsa de Valores (B3) e a pontuação recorde do Ibovespa, que superou os 150 mil pontos.

O ministro também afirmou que o país caminha para encerrar o ano com “a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”. Em tom crítico, acrescentou: “Mesmo assim, o que vejo de gente torcendo contra o país é impressionante. Vejo comentaristas na televisão que falam mal da economia.”

Compromisso com a meta fiscal

Haddad aproveitou o encontro para reafirmar o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas e garantiu que a meta fiscal será cumprida.

“Desde 2023, estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país ou continuaremos presos a narrativas”, declarou o ministro.

De acordo com ele, o debate sobre a sustentabilidade fiscal tem sido pautado por dados concretos e pelo comportamento dos investidores. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.

A meta fiscal para 2025, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), é de resultado primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2026, o governo projeta um superávit primário de 0,25% do PIB.

“Estamos decididos a fazer o que não foi feito de 2015 para cá: respeitar as metas de primário, fixar objetivos exigentes e cumpri-los”, concluiu Haddad, reafirmando a disposição da equipe econômica em manter o controle das finanças públicas.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-sobre-taxa-de-juros-a-dose-do-remedio-pode-virar-veneno/