5 de novembro de 2025
Haddad intensifica pressão sobre Galípolo e juros altos na véspera
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A queda de 0,4% na produção industrial em setembro e a inflação se aproximando do teto da meta reacenderam as críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à atual taxa de juros. O tom mais duro faz parte de uma estratégia do governo para aumentar a pressão sobre o Banco Central e seu presidente interino, Gabriel Galípolo, sem provocar grandes desgastes políticos. Com informações e análise do Relatório Reservado.

Mesmo com as preocupações fiscais em pauta, o momento é favorável: o Ibovespa vem registrando sucessivos recordes, o que dá ao Planalto margem para insistir em uma sinalização concreta de que o ciclo de redução da Selic está no radar do BC.

Governo espera sinalização do Banco Central
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para esta quarta-feira, deve manter a taxa Selic inalterada. No entanto, o governo e o presidente Lula esperam algum indicativo de que a instituição enxerga espaço para cortes em breve.

Caso essa sinalização não venha, a tensão interna no governo e no PT tende a aumentar. Cresce, nos bastidores, a percepção de que Galípolo teria se aproximado demais do mercado financeiro, alimentando rumores de “captura pela Faria Lima”.

Mercado prevê juros altos por mais tempo
Analistas do mercado ainda apostam em uma manutenção prolongada dos juros elevados. No entanto, especialistas apontam que os indicadores econômicos permitiriam uma inflexão mais leve, sem comprometer o controle da inflação.

Isenção do IR e tentativa de retomada da agenda positiva
Paralelamente, o governo busca reequilibrar sua narrativa com a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, prevista para votação no Senado nesta quarta. O senador Renan Calheiros, aliado do Planalto, não pretende dificultar a tramitação, mesmo em meio às disputas com Arthur Lira.

Após a aprovação, o governo deve apresentar um novo projeto para reverter parte das mudanças incluídas pelo ex-presidente da Câmara. A expectativa é de que essa vitória legislativa impulsione a retomada de uma agenda positiva, abalada pelos recentes episódios de violência no Rio de Janeiro.

Lula mira segurança e tenta diferenciar discurso do Planalto
Na tentativa de retomar o protagonismo, o presidente Lula elevou o tom contra o governador do Rio, Cláudio Castro, e defendeu o combate ao crime com base em inteligência e foco nas lideranças financeiras do tráfico — um discurso alinhado à postura de Haddad.

A estratégia busca conter o avanço de governadores e parlamentares da direita, que tentam enquadrar o tráfico como organização terrorista, dominando o debate público sobre segurança.

Cenário internacional e eleições nos EUA
O mercado também observa indicadores internacionais importantes nesta quarta-feira, como a Oferta de Empregos JOLTS de setembro e o PMI de Serviços de outubro, ambos dos Estados Unidos. Além disso, o resultado das eleições estaduais na Virgínia, Nova Jersey e para a prefeitura de Nova York pode influenciar o cenário político norte-americano e os rumos econômicos globais.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-intensifica-pressao-sobre-galipolo-e-juros-altos-na-vespera-do-copom/